“Coloque uma banda de música nas ruas. O povo a seguirá para a festa ou para a guerra.” – Napoleão Bonaparte
Essa
frase ficava em pequeno quadro pendurado na porta da sala de aula da
sede da tradicional Sociedade Musical Eduardo Tenório, de Cachoeira de
Minas sul de Minas Gerais. Nesse lugar eu, assim como centenas de outras crianças da cidade
tiveram suas primeiras lições de música com o Zé Luís, que além de
professor e presidente da banda, era também dono de uma serralheria.
Depois de algumas aulas de solfejo comecei com a chiquinha (ou sax horn
em si b) para depois passar para o clarinete. Esse fora presenteado pelo
tio Zi, exímio sanfoneiro que tocava qualquer coisa que lhe dessem,
inclusive assobiava magistralmente. Era o tio mais talentoso da família e
uma das minhas maiores referências musicais.
Com a banda, aos dez anos de idade tive uma das melhores
experiências como músico. Entramos todos em um busão para ir tocar em
Itajubá, a sessenta quilômetros dali. Pela primeira vez eu saía da
cidade pra tocar – e sem minha mãe.
Depois minha família se mudou para Itajubá, parei com a
banda e com o clarinete, mas conheci o Luciano Daniel que me ensinou a
tocar violão. Logo em seguida me chamaram pra uma banda, onde comecei a
tocar baixo. Eu estava com 15 pra 16 anos e nessa etapa foram minhas
primeiras experiências de tocar na noite. Cheguei a acompanhar a Ceumar,
Márcia Salomon, além de muitas outras gigs memoráveis com Omar Fontes,
Rafael Toledo, grupo Telhado, e minha banda de rock que era a Blues
Corporation.
Então resolvi estudar no Conservatório de Pouso Alegre.
Contrabaixo acústico. Vim a me formar e me tornei professor nessa
querida escola. Foram oito anos ensinando no CEMPA (Conservatório
Estadual de Música de Pouso Alegre). Eu tocava na noite, tinha banda de
rock, fazia casamento, baile, o que pintasse pra defender uma graninha. E
ainda me formei em Comunicação Social pela FAFIEP. Algum tempo depois
eu ainda me formaria em um segundo curso superior, Licenciatura Plena em
Música pelo Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro.
No CEMPA, certo dia o Nikolaos, meu grande amigo, me
mostrou um instrumento que estava esquecido no almoxarifado da escola:
uma viola Del Vecchio. Foi um divisor de águas. Passava dia e noite
agarrado com aquele instrumento, vendi todo meu equipamento de baixista e
entrei de cabeça. Isso foi em 1999.
A viola permitiu que fluíssem as músicas que eu sempre
tentava fazer, mas eu achava que não tinha jeito pra compor. Então fui
atrás de um professor. Ninguém menos do que Ivan Vilela, que se tornaria
meu grande amigo desde o primeiro contato.
Em 2002 nasceu minha filha Helena e gravei meu primeiro CD
com o grupo Orelha de Pau. Éramos eu, Euler Ferreira e Geraldo Jr. e com
esse trabalho fizemos muita coisa na TV, muitos shows e festivais. Mas o
grupo só ficou no primeiro CD mesmo, apesar de ser muito lembrado até
hoje.
O ano de 2003 foi muito intenso pra mim. Depois do fim do
meu primeiro casamento, tive uma reaproximação com a família de meu pai
(que morreu antes de eu completar dois anos de idade) e com a cidade de
Pedralva. Aquela gente e aqueles lugares tão queridos foram a inspiração
para meu primeiro disco solo. A Montanha foi gravado em Pedralva e produzido por Diovani Bustamante.
Conheci a excepcional cantora Dani Lasalvia. Foram muitos
shows juntos, além de ela me aproximar do pessoal de São Paulo,
inclusive ela me apresentou a meu parceiro Ricardo Vignini.
O Ricardo é dono do selo Folguedo, dedicado à música de
viola. Comecei a gravar meu segundo disco solo com ele. No Oco do Bambu
seria lançado em 2009, e durante o processo de gravação começamos a
germinar o que seria nosso maior sucesso: o duo Moda de Rock. Esse disco
causou um estardalhaço, viajamos por todo o Brasil tocando e fizemos um
DVD com participações de Pepeu Gomes, Kiko Loureiro e Os Favoritos da
Catira.
Fizemos em 2012 o disco Matuto Moderno 5, essa sensacional
banda em que eu faço parte desde a saída do Alex Mathias. Com um som
pesado firmemente alicerçado em raízes caipiras, o álbum Matuto 5 foi
inteiramente gravado em Pedrão, bairro rural de Pedralva, na Chácara Vô
Zezinho, propriedade de minha família. E eu estou lançando meu próximo
disco solo, Assopra o Borralho.
Bem, faltou dizer que continuo professor, desde 2006 no
Conservatório Municipal de Guarulhos. É o segundo curso de viola que eu
criei, o primeiro foi em Pouso Alegre. E também estou trabalhando em um
livro didático, onde juntei todas as minhas experiências com esse
instrumento. E também vivo feliz com minha querida Mariana e o
Francisco, que está começando a falar. E que também adora música.
*http://www.zehelder.com.br
Um repertório que passeia por influência de música regional, clube da esquina, Jazz, rock rural, música erudita e outras vertentes, explorando linguagens inusitadas com a viola caipira.
Alma de Viola
A Montanha
Ponteando
Largo
Desejo
É Verdade, Você Veio..
Cururu do Currila
Pro Zezinho
Assombração
Fiote
Porteira
O Ipê e a Oiticica
Caboclinha
*se vc gostou compre o original, valorize a obra do artista!
DOWNLOAD:copie
https://mega.nz/#!31YA3A5D!rnP7GxeKDOxKZU9o97g9jdFE7UzZ2-pigDo_2IxXph0
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