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domingo, 21 de janeiro de 2018

DELICIAS DE MINAS

FAROFA DE JILÓ

http://www.cozinhandopararelaxar.com

Fazer a farofa é muito simples:

20 jilós fatiados finamente em meia lua
2 dentes de alho, amassados
1 fio de óleo ou 1 colher, das de sobremesa, de banha de porco
2 ovos
tempero caseiro e salsinha a gosto
1 pimentinha ardida bem picada (opcional)
farinha de milho até dar o ponto desejado (você pode usar farinha de mandioca, se preferir)

Aqueça uma panela de fundo grosso e junte o óleo e o alho, assim que o alho dourar junte o jiló e refogue, mexendo sempre, até o jiló ficar ao dente. Tempere com o tempero mineiro e a pimenta e junte os ovos. Assim que os ovos coagularem, mexa bem e acrescente a farinha, à seu gosto. Acerte o sal...
Acrescente bastante salsinha e sirva.

Eu como pura, só com um arrozinho branco feito na hora!

VENTO VIOLA - EM NOME DA VIOLA (EXCLUS. CSDT)

Belíssimo trabalho do grupo sul mineiro Vento Viola gentilmente enviado pelo parceiro e administrador do blog  barulhodeagua.com Marcelino Lima.

Após “uma surra boa”, Vento Viola (MG) encerra dezesseis anos de silêncio e lança “Em Nome do Vento”

   
O acervo fonográfico do Barulho d’água Música recebeu, recentemente, mais um considerável reforço: o álbum Em Nome do Vento, do grupo sul-mineiro de Itajubá Vento Viola, entregue por um dos seus integrantes, o jornalista do Correio Popular (Campinas/SP) Clayton Roma. O disco é o segundo do quarteto que além de Roma é formado por César Dameire, Lúcio Lorena e Aidê Fernandes, e foi lançado em dezembro de 2016, sucedendo Viola de Todos os Cantos (2000), que conta com a participação do violeiro Levi Ramiro e é considerado entre os amantes da música regional e caipira uma verdadeira relíquia por não dispor mais de cópias. Em Nome do Vento reúne 13 faixas e conta com as participações em três delas de Ronaldo Chaplin (Cheiro de Minas), João Lúcio (Amo Minas) e Adriano Rosa (Pinho e Violeiro). Abaixo, em entrevista ao portal Música à Vista, concedida a Ronaldo Faria, Clayton Roma fala, entre outros assuntos correlatos, sobre a produção do novo álbum destacando que “no primeiro disco a gravadora não interferiu no trabalho, mas corrigiram arranjos e fizeram a direção que acharam do jeito que tinha de fazer. Mas, neste segundo, foi o jeito do Vento Viola. Nós concluímos esse e já estamos com a cabeça no próximo. Afinal, música é o que não falta!”

Ronaldo Faria (RF) – Minas tem cheiro, sei lá, de coisa presta em festa? Tem. Com certeza, tem. Tem também cheiro de bosta de vaca, de mato a crescer livre, de riachinho que corre quieto na divisa indivisível entre suas terras e um São Paulo a pulular do lado de cá.
Minas tem cheiro de viola a correr e sangrar, a brotar além nas cordas de aço que discorrem entre o leite e o café. Para deleite de São Gonçalo, se fará vida em qualquer um. Quem sabe até um gole de pinga a respingar às horas e noras na fé.
Minas tem mais: tem junção de mundos entre o início e o fundo, a correr de lá e para cá num mundo entre a cidade e a roça, o início e o precípuo final. Ácida, indelével, entre a missa e o refrão, ficam a saudade e o que ainda resta de mundão.
Minas tem minério nenhum, tem um ilícito poema de madrugada em torpor, tem o imaginário e glacial louvor. Pedaço de mãos e vozes em imaginário torpor. No fim, nos sobra música mágica a voar feito ébrio e perdido, inútil e grave ateu.
Minas, misturada em quilômetros afônicos e tônicos, sobrevoa feito os pássaros atônitos que a cobrem de poemas e açucenas. No permear de qualquer coisa talvez não seja nada: se apequene no seu sem mar, a seguir a onda no cerzir e sorrir.
Minas, porém, grave que serás ainda eternamente nunca finda e que tua grandeza te fará feito canto de vento longe ou de sabiá… Vento Viola, quiçá.
Na verdade, ouvir o Vento Viola é se reportar ao primeiro CD – Viola de Todos os Cantos – e àquilo que temos dentro de nós, desatado em nós. É também pensar porque o que é bom fica tão escondido nos rincões musicais de um lugar qualquer dos ouvidos enquanto sons sem sentido e letras sem noção tomam de assalto as rádios, as tevês, a internet e o que mais exista par ase ouvir e viver. No palco do Música à Vista!, hoje, o Vento Viola na voz de um do seus integrantes – Clayton Roma – que vive em Campinas. Ele falará em nome de César Dameire, Lúcio Lorena e Aidê Fernandes, os outros viajantes de um universo onde o importante é pegar a viola, largar o dedo em acordes mil e virar uma pinga diante das montanhas de Minas, que se calam para ouvir a vida passar. Assim, depois de muito e do ainda está por vir, viver ao porvir.
Clayton Roma (CR): Eu comecei a tocar violão com cinco anos de idade. Com sete já tocava na igreja. Com 15 fui para o barzinho, que é a grande escola da música. Quem toca em bar conhece tudo e toca depois em qualquer lugar, com qualquer pessoa. Esse é o grande ensinamento do bar. Você não precisa ter entrosamento ou ensaiar com uma pessoa que já tocou na noite. É o que acontece muitas vezes comigo. Comecei em Minas Gerais. Sou de Santa Rita de Caldas. Tocava lá nos bares e ia também para Caldas e Ibitiúra de Minas, que são cidades vizinhas. Em 2009, fui convidado a entrar no Vento Viola, mas o grupo começou mesmo em 1978/79, na primeira formação. Mas essa realidade durou o tempo da faculdade do César Dameire, do Lúcio Lorena e do Aidê Fernandes. Depois, cada um se formou e foi para um canto. Em 2008 o César convidou o Lúcio para voltar e, no ano seguinte, o Lúcio me convidou para integrar o grupo.
Eu toco violão, mas toco viola, piano, teclado e percussão. Aprendi a viola porque ela está presente no grupo e, por incrível que pareça, ser um instrumento mais fácil de tocar do que o violão, apesar dela ter dez cordas. É mais gostoso tocar viola. Você começa a tocar ela e não quer parar mais. Eu tinha um violão antigo que o Levi Ramiro (http://www.leviramiro.com.br/) fez uma experiência: o transformou em viola. Eu o chamava de Roberta Close, por ter mudado o sexo de violão para viola. Mas não deu certo, porque o braço não aguentou a tensão das cordas e empenou. Hoje eu tenho uma viola feita pelo Levi que demorou sete meses para ser entregue. Fiz também três meses de aula com o Ivan Vilela (http://dicionariompb.com.br/ivan-vilela) para pegar o jeito da coisa, pois o músico autodidata é meio sem-vergonha. Ele não estuda. Tive aulas e quando eu achei que dava conta do recado, do meu jeito, parei.  Falei para o Ivan que dali para a frente iria sozinho. Não sou violeiro e nem falo que sou. Não conheço tudo de viola. Não consigo tocar Tião Carreiro porque não é a essência que está no meu sangue. A viola que está no meu sangue é a do Vento Viola, onde aplico muito. Tem uma balada no CD novo onde eu toco violão, viola e contrabaixo, o César toca violão requinto e tem até guitarrista. Então é o meu estilo. Eu sei tocar viola, mas não sou violeiro como o Levi Ramiro, Júlio Santin (http://www.juliosantin.com/), Ricardo Vignini (http://www.ricardovignini.com.br/) e o Ivan Vilela. Mas meu instrumento de verdade é o violão. O César que é o violeiro oficial do grupo e também aprendeu brincando. O filho dele está entrando agora no Vento Viola e assumindo a viola porque o César está curtindo o violão requinto.
Em 2009, participamos de um festival de música, porque em Minas Gerais tem festival de música todo o final de semana, no Inverno principalmente. No segundo festival que entramos já ganhamos o segundo lugar, com a música que se chama Segredo. E essa foi a grande música do Vento Viola. Através dela surgiu o convite para gravarmos um disco, que foi o nosso primeiro CD – Viola de Todos os Cantos. Com essa música chegamos a ir até para o Festival de Boa Esperança (MG), que era o grande festival e que tem até hoje. Tinha gente que tentava entrar nele há dez anos e nós fomos no primeiro ano. Foi aquela coisa que nem a gente acreditava, do tipo: o que estamos fazendo aqui no meio dessa turma?! Lá, por exemplo, foram revelados Chico César, Tadeu Franco e Lenine, entre outros. Então era um festival muito forte. Nós passamos por lá, gravamos o disco, mas em 2002 demos um tempo.
RF – Tempo, tempo, tempo, esse ser inequívoco e frágil que ensina, lapida e transmuta as pessoas. Às vezes estraga tudo, envelhece a alma e os sonhos. Outras vezes, porém, dá o caminho, mostra as esquinas e encruzilhadas a seguir. Assim, do nada, renasce tudo que estava parado como se não fosse apenas tempo e cria coisa nova e revivida. Com o Vento Viola foi assim.
CR – Por ser conterrâneo do Lúcio e ele ser meu parceiro desde Santa Rita a coisa aconteceu com o Vento Viola. Tocávamos nas festinhas de Santa Rita, em bares, durante uns quatro ou cinco anos direto. Mas aí eu vim para Campinas e o Lúcio foi para Três Corações (MG). Continuamos a tocar um tempo, mas ficava cansativo, porque tinha a coisa de viajar para tocar e o que você ganha muitas vezes não paga nem a viagem. Quando o Vento Viola voltou, o Lúcio falou de mim porque sabia que eu poderia somar e acrescentar alguma coisa ao grupo. Tanto que a gente brinca que eu sou o arranjador do Vento Viola. Arranjo a corda que arrebenta, o fio que está com defeito, confusão, ou seja, a gente arranja tudo. Mas foi um jeito de somar. Eu toco violão com corda de aço. O César, por exemplo, toca viola de um jeito todo próprio, onde não deixa nem a unha do dedão crescer. Foi unir na música um instrumento de seis cordas com um de dez. E o casamento da viola com o violão deu sorte.
O Vento Viola está na estrada, novamente, desde 2012, e após lançar o segundo álbum, em 2016, avisa que ainda tem várias músicas inéditas (Foto: Denize Assis)
Em 2012 nos reunimos de novo. Acho que esse período afastados foi uma fase de amadurecimento musical para todos nós. Nesse ínterim, o César fez uma sala de gravação onde ele mora. Antes morava na cidade e agora em Cristina (MG), ou seja, ele mora na roça. Tem uma sala de gravação lá. E nós voltamos a nos encontrar, gravarmos junto. Surgiu a ideia desse novo CD – Em Nome do Vento. Esse disco foi feito inteirinho por nós, o nome é nosso e a verdade é nossa, do Vento Viola. Fizemos do jeito que a gente quis. Quem fez a direção musical, o arranjo, a gravação, composições e ainda toca é o Vento Viola. Então, tem músicas que têm, além do violão e da viola – que são o padrão do Vento Viola no primeiro disco –, contrabaixo, guitarra, violão requinto, violeta, viola caipira, violão normal, percussão. Nós inovamos naquilo que fizemos da outra vez, mas tem música que está só com o violão e a viola. Não perdemos o estilo de tocar que é nosso. E o vocal continua os quatro cantando ao mesmo tempo a maioria das músicas, que é uma coisa que ninguém faz.
Você pega os grupos vocais que têm quatro pessoas e nem sempre todas cantam. Um canta ou dois cantam e os outros fazem outras coisas. Mas nós nos mantivemos cantando os quatro. E como os timbres de vozes são diferentes, quando você dá uma nota existe um arranjo vocal pronto, apesar de não ter notas diferentes. O timbre de voz proporciona isso. Foi uma escola para nós fazermos isso. Ralamos o dedo para ficar bonito e ficou. Um aprendizado grande. O disco está bonito, do nosso jeito. Nós aprendemos a fazer um disco e, com certeza, virão mais e feitos de forma mais fácil. Nós apanhamos para fazer o novo disco, mas foi uma surra boa de levar. No primeiro disco a gravadora não interferiu no trabalho, mas eles corrigiram arranjos e fizeram a direção que acharam do jeito que tinha de fazer. Mas, neste segundo, foi o jeito do Vento Viola. Nós concluímos esse e já estamos com a cabeça no próximo. Afinal, música é o que não falta.
RF – Mas de onde vem tanta canção? Teve gente que já disse que criar é 99% transpiração e 1% inspiração. Então, haja suor para dedilhar tantas cordas e tirar da cabeça letras e sílabas, rimas e estrofes. Mas, se assim o for, que o tal suor se largue como os rios que cortam Minas Gerais, lavam ouro, prata e pedras preciosas e agora enxaguam córregos que São Gonçalo dedilha de lá do céu para o pessoal daqui pegar e fazer cerzir.
CR- O César é o maior compositor do grupo, apesar de todos comporem. Quando nos reunimos para tocar, nos divertir, costumamos dizer: ‘vamos mexer no baú do César’. E sempre arrancamos uma coisa nova que eu, pelo menos, não conhecia. Eu que sou o mais novo do grupo. Logo, ainda tem muita coisa a ser registrada e que não pode se perder no tempo. Coisas com letras bem escritas, bem trabalhadas, com poesia. O trabalho nosso foi uma coisa que deu certo e todo mundo gostou. Mas, infelizmente, a gente fazer música séria no Brasil nem sempre é muito valorizado. Não toca nas rádios ou na televisão. Em televisão fomos no programa da Inezita Barroso (http://dicionariompb.com.br/inezita-barroso) duas vezes. A gente tem esperança agora de ir no Rolando Boldrin (http://dicionariompb.com.br/rolando-boldrin). Mas no Faustão nós nunca vamos e no dia que ele chamar a gente, não vamos também.”
Nosso tipo de música, para ter mais espaço, falta somente a gente poder mostrar o trabalho. Mas, veja por Campinas, por exemplo, que é uma cidade 1,2 milhão de habitantes e tem um único teatro municipal, hoje. Para tocar nele você tem de enfrentar diversas dificuldades. Conseguimos fazer o primeiro disco no Centro de Convivência, que já não existe hoje como espaço. Mas foram dois meses de trabalho forte, no boca a boca. Esse nosso primeiro disco, por exemplo, tocou na Morena FM porque nós divulgamos o show lá. Foi um acordo do tipo ‘pagamos o anúncio e vocês tocam o disco’. Mas, acabou o show, nunca mais tocou. Quando a gente fala em música comercial, o que quer dizer? É aquela que vende. E hoje a moda é o sertanejo, sertanejo universitário, que o pessoal compra em CD e DVD. A música nossa não vende. Mas por que não vende? Por que não é tocada, as pessoas não têm acesso a ela. Mesmo com o uso da internet para divulgação, muita gente não chega a ela. E quem tem alcance pela internet fala que queria nos ver tocar. Mas a gente não tem esse espaço. O músico que faz um trabalho independente depende de outras pessoas para fazer um show no teatro. A gente não consegue divulgar também porque não é uma música que vai dar lucro para alguém. A nossa música não dá lucro como dá um sertanejo, um rock, apesar de já estar difícil você escutar rock brasileiro nas rádios.”
RF- Eita Brasil difícil de entender. Com tanta beleza e coisa boa por aqui ainda se esquece das raízes, daquilo que é nosso, saindo das entranhas de um pé a correr pela poeira de um estradão, que dorme na rede e acorda a pitar. E não é só ser caipira. Pode ser urbano também. É ser brasileiro, destravar correntes e poder ser parte de algo que só por ser já há o que sempre ser.
CR- O espaço que tem hoje para o músico que queira fazer um trabalho diferenciado, um trabalho regional e intimista, acaba sendo festival. Lá é que ele consegue mostrar o trabalho. Caso contrário, fica difícil você divulgar por causa do ‘lado comercial’. Como na televisão. Antes nós tínhamos a Inezita que levava pessoas diferentes. Hoje tem o Rolando Boldrin, que tira umas coisas da gaveta, de bons músicos, que nem você que é da música conhecia, é o lugar. E não tem mais. Em Brasília tem um programa na TV Câmara que é de música caipira de violão e viola, de dupla. Mas muitas vezes as duplas que vão até Brasília sequer têm ajuda de custo. É difícil. Tanto que quando a Inezita morreu ninguém quis substitui-la. Uma que substitui-la é uma responsabilidade muito grande. Eles estão reprisando porque houve uma mobilização para que não tivesse fim. Hoje, o boca a boca é o único espaço que nós temos. Falta divulgação. No passado, por exemplo, peças de teatro tinham Campinas como ponto nacional de lançamento. Acho que falta incentivo, valorizar, ajudar e ceder espaço cultural. Valorizar a sua cultura.
Nós nunca tivemos pretensão de ficar famosos ou ricos. Quem começa com essa pretensão não vai para a frente. A gente toca por querer fazer um trabalho diferente e bem feito, o melhor dentro da nossa capacidade e limite. Quem toca as cordas no grupo somos eu e o César. Somos autodidatas, nunca estudamos música. Mas a gente consegue casar dois instrumentos com harmonia, somado às vozes, onde se cria um trabalho diferente. Hoje há um grupo capixaba, o Moxuara ( http://www.moxuara.com.br/joomla_joomla/) – que lembra o Vento Viola. Mas do jeito que gente faz, ninguém fez ainda. Nós não copiamos de ninguém e ninguém nos copiou ainda. Mas se quiserem copiar, a gente acha bonito. Tem um músico amigo da gente, o João [Arruda], do Grupo CantaVento, que define o Vento Viola como um coral caipira. Mas o que é o caipira? É aquele bobão da roça? Não. O caipira é aquele que é o mais inteligente do mundo. As letras do César, por exemplo, que é caipira, têm frases que ele tem de explicar o que são, pela poesia. Por que ele te dá formas de pensar mil coisas.”
RF- Mas o importante é acreditar que tudo pode ainda mudar. Que os ouvidos do futuro saberão entender que o agora é para o que é bom e sempre há lugar. Senão, que cada um dedinho de prosa ao lado da vitrola virtual, a catar uma notinha daqui e um acorde de lá, logo ali, valha mais do que uma plateia entorpecida de 100 mil. Afinal, não vamos levar o mundo conosco. Se muito, um enrosco, um poema afoito, uma música dedilhada feito os anjos que harpearão no céu na nossa chegada. No caso do Vento Viola, haja anjo para tocar tanta belezura e coisa feita. Por isso, curta eles agora, enquanto há vida afora.
CR- Hoje para vender disco está uma coisa muito difícil. Gravadora que eu tenho contato diz que o pequeno que fazia mil discos continua fazendo mil. O grande que fazia um milhão, hoje faz dez mil e dá risada, porque não vende mais do que isso. O pessoal hoje quer MP3, quer pôr no celular, quer pôr no pen drive. Não quer carregar ou ouvir mais disco. Por isso fica bem difícil você fazer um disco bem feito, com encarte bem trabalhado, ter letra. Já não se lia antigamente, hoje muito menos. Mas você acompanhar uma música lendo a letra é muito melhor. Você entende. No caso desse novo CD, tem uma coisa que eu sugeri e o César escreveu foi o que é o causo de cada música, a historinha de cada uma delas. Muitos falaram para fazermos só um envelopinho e colocarmos o disco dentro. Mas não quisemos. É prazeroso você ter um disco com encarte, completo. Logo, não temos intenção inicial de lançar em outros meios, como MP3 ou coisa parecida. Vamos lançar o CD em Santa Rita de Caldas e depois em Campinas.

A música que abre o CD é Cheiro de Minas, já que nós somos mineiros. O Aidê é baiano, mas mora muito tempo em Minas, então nós chamamos ele de baianeiro. O Levi fala que nós somos muitos bairristas. Então já abre com Minas, numa música feita pelo Ronaldo Chaplin, que é mineiro e morou um tempo em São Paulo. Teve um final de semana que não pôde ir para Minas, mas parou em Campinas e encontrou outro chapa nosso, o Alexandre Buselli, e ficou falando de Minas e o quanto gostaria de estar lá. Daí surgiu a música. As músicas do meio são todas do César, em parceria com alguns de nós. A mais nova foi de uma parceria comigo – ‘Espera’. A música eu fiz e o César com o filho dele fizeram a letra. Nela tem até uma história engraçada. Nós fomos gravar o instrumental e o César falou para eu tomar uma cachaça e limpar bem a voz, para servir de guia. Aí ele foi ajeitar tudo e eu peguei o copinho de pinga, pus no dedo e fiquei brincando no violão, para fazer um slide. Até esse slide está na música. Uma coisa que o Dércio Marques (http://dicionariompb.com.br/dercio-marques) me falou uma vez: ‘o disco é criado no estúdio’. E eu falei para ele que não. Que o disco era criado fora e ia para o estúdio pronto. Mas, agora, no segundo CD, descobri que ele tinha razão. Disco você faz no estúdio.
RF- Assim, na criação do tempo, aprendendo e reaprendendo, renovando e fazendo, tornando coisa feita o que antes era só pensado, o Vento Viola vai a correr seus trilhos e trilhas, juntar telhas e tralhas de um novo alicerce. A trazer mais gente para perto, na futura geração do grupo, a tocar canções e receber unções do universo caipira ou urbano em presto. Para nós, meros ouvintes e mortais, que as coisas continuem tais e quais. Isso já está bom demais…
CR- Tem uma música do novo CD, Pinho e Violeiro, que o Zeza Amaral definiu como a nova música caipira, porque ela conta uma história. Tem uma declamação. É uma música de viola e violão com contrabaixo. Ela encerra com a inserção de uma música do Renato Andrade (http://dicionariompb.com.br/renato-andrade), porque o violeiro da história é ele. A coisa nasceu de um artigo que o Zeza Amaral escreveu no Diário do Povo no dia da morte do Renato Andrade. Daí o Adriano Rosa pegou esse artigo e escreveu uma letra. O César pegou e pôs a música. Para o escritório que fez o disco eu mandei a música para verem a necessidade de pagar os direitos autorais pela inserção do trecho do Renato Andrade. Passou um tempo, ligaram e eu pensei que teria de pagar os direitos. Mas não, foi para dizer que há muito tempo eles não escutavam uma música dessa. Por que ela é uma música caipira, que conta uma história. E a música sertaneja hoje é só sobre balada, mulher, boi, peão etc. Para nós, foi um elogio. Pois música séria você não faz mais. Fizemos este CD porque rachamos o custo em quatro. Se fosse só para um bancar, ficaria impossível. Tanto que eu estou há 26 anos em jornal para sobreviver. E ainda falam que músico é vagabundo. Por isso eu respeito muito quem vive só de música. A gente poderia até entrar no universo comercial e ganhar muito dinheiro com isso, mas não faríamos aquilo que a gente gosta e quer mostrar.
O certo é que a viola conseguiu crescer muito. O que não podemos agora é deixar ela sumir. Temos grandes violeiros hoje, como o Chico Lobo, Pereira da Viola, Levi Ramiro e Paulo Freire. Legal foi ter visto um projeto como o que o Levi e o Paulo fizeram no Sesc chamado Sonora Brasil. Foram 120 shows pelo Brasil inteiro. Como o Levi Ramiro falou, foi cansativo, mas ele nunca iria tocar a viola dele no Acre, Rondônia, Roraima, em todo o País, se não fosse assim. Isso mantém a viola e a música regional vivas. E cada região tem sua viola, desde a nordestina, mato-grossense, do interior paulista, norte de Minas, do Paraná e Rio Grande do Sul, entre outros. A viola hoje está esparramada e, se Deus quiser, vai continuar esparramada e criando adeptos por muito tempo afora. Nós, do Vento Viola, estamos aí para isso.
RF- Agora, que São Gonçalo nos proteja e deixe que o vento que bate nas violas da vida não pare jamais. Que cada um dos violeiros que dá seu mundo a espalhar poesia e canções continue assim: criador de tudo que pode existir de bom, seja num mundão verde e de mata ou seja num se perder de concreto que, mesmo cinza e sem graça, ainda pode ouvir o som  da melhor das melodias.

Se vc gostou adquiri o original, valorize a obra do artista.
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CANTO SAGRADO 

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

A DESPEDIDA - FLAVIO HENRIQUE



MINAS DE LUTO.
É com tristeza que por meio desta o blog Canto Sagrado vem prestar uma solidariedade à família  e amigos do Flavio Henrique falecido nesta quinta feira vitima de febre amarela.
Que Deus conforte a todos, são meus sinceros sentimentos.
Como diz o velho Rosa "as pessoas não morrem ficam encantadas"

Compositor plural


A música de Flávio Henrique era plural. Prolífico em parceiros, o cantor, compositor e instrumentista construiu uma obra que dialogou com diferentes gerações da música mineira. E uma obra extensa: compôs 180 músicas. O ofício ele aprendeu em casa, por meio da mãe, Delza Cecília Alves de Oliveira, professora. “Ela exerceu a profissão de musicista até quando eu tinha uns 10 anos. Curiosamente, foi depois que ela largou a música que eu comecei a minha carreira”, disse ele em depoimento ao site do Museu Clube da Esquina.

Um dos discos responsáveis por sua formação foi de Toninho Horta, que muitos anos mais tarde se tornaria seu parceiro. Um dia, sua mãe chegou em casa com um álbum do violonista, gravado em 1984. Flávio, então mal entrado na adolescência, não tocava nenhum instrumento.

“Esse disco branco do Toninho Horta foi a primeira coisa com essa cara forte daqui de Belo Horizonte que chegou e eu gostei de cara. Engraçado que era uma música difícil”, disse.

Com muitos instrumentos em casa, graças à mãe professora, Flávio se tornou autodidata. Aprendeu piano, cavaquinho e violão. O primeiro grupo nasceu também na escola. Em 1994, já aluno da Rede Pitágoras, matriculado na mesma turma que Robertinho Brant, Flávio passou a integrar o grupo Candeia. O disco de estreia viria logo depois. Lançado pelo selo Velas em 1995, Primeiras estórias trazia no repertório as faixas Caçada da onça e Carro de boi inspiradas, respectivamente, nos contos Meu tio Iauaretê e Conversa de bois, ambos do livro Sagarana, de Guimarães Rosa. O disco o fez trocar o bar pelos estúdios, especializando-se na composição de canções para artistas como Paulinho Pedra Azul e Ana Cristina, entre outros. Cinco anos depois, Ney Matogrosso batizaria o elogiado Olhos de farol, em que dava mais uma guinada na carreira solo, com a canção de Flávio, que, a essa altura, já chamava a atenção de produtores como Ronaldo Bastos.

INDEPENDENTE Em 2000, Flávio ficou em quarto lugar na categoria compositor no Prêmio Visa de Música. Marina Machado e o Trio Amaranto (formado pelas irmãs Flávia, Marina e Lúcia Ferraz) seriam os companheiros de palco na performance. A parceria no palco gerou mais um disco, Aos olhos de Guignard. “Foi o disco independente de maior tiragem (6 mil cópias) feito na cidade”, disse ele em 2012 ao Estado de Minas.

Já em 2002, Flávio Henrique gravou em parceria com Chico Amaral o disco Livramento, cujo repertório reúne músicas cantadas e instrumentais. Milton Nascimento participou deste trabalho na canção Nossa Senhora do Livramento, e Ed Motta em Hotel Maravilha. Vale lembrar que Flávio e Chico foram os produtores de Baile das pulgas (1999), primeiro álbum solo de Marina Machado. Na sequência ele faria os discos Sol a girar (2005) e Pássaro pênsil (2008). O primeiro álbum foi um ensaio do que viria a se tornar o quarteto Cobra Coral. Em 2012, o quarteto lançou o trabalho de estreia. E em 2015, o segundo.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

NOSSO CANTO VALE MAIS


Projeto lançado em 2010.
O Nosso Canto... resulta de um longo processo que busca valorizar a identidade de artistas e grupos musicais do Vale do Jequitinhonha. Nem todo mundo sabe, mas a música, assim como o artesanato, é uma das maiores riquezas da região do Vale do Jequitinhonha.
A idéia é que o projeto se torne vitrine dessa rica tradição, que, sendo difundida, certamente contribuirá de maneira singular para a formação cultural do povo brasileiro.
COMO FUNCIONA:
O Nosso Canto Vale Mais Jequitinhonha foi aprovado pelo Fundo Estadual de Cultura e, nesta última etapa, levará a rádios, escolas, bibliotecas e centros culturais do Vale um kit contendo material fonográfico e informativo de mais de 40 artistas.
O kit contém uma revista-catálogo com diversas informações sobre a carreira, além de contatos e discografia dos participantes; um DVD com faixas escolhidas e disponibilizadas por eles (300 músicas em formato mp3); além de adesivos, cartazes, folders e filipetas para a divulgação do projeto.
A intenção é proporcionar o encontro dos filhos do Vale do Jequitinhonha com sua vasta cultura; já que muitos donos de rádios, por exemplo, justificam não difundir tais músicas pelo fato de não terem acesso às mesmas.
Com esta iniciativa, espera-se que a música do Jequitinhonha ocupe seu merecido espaço, valorizando e difundindo os valores regionais. A expectativa é que o projeto possa desencadear, ainda, uma série de outras ações, como a abertura para esses artistas nas programações culturais de eventos locais.
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Instituto Vale Mais
O “INSTITUTO VALEMAIS” é uma organização não governamental, apartidária e sem fins lucrativos, que tem como objetivo principal contribuir para o desenvolvimento sócio-cultural do Vale do Jequitinhonha. Fundado em janeiro de 2002, o instituto tem sede em Belo Horizonte e se espalha pelo mundo através do portal valemais.org.br.
Informações para a imprensa: tereza.jornalista@yahoo.com.br / (31) 98478-6713.
Fonte: www.onhas.com.br

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CANTO SAGRADO

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

SEU RIBEIRO - VIELAS LIRICAS (REPOST A PEDIDO)



Patrocinado pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, o CD "VIELAS LÍRICAS” é uma narrativa cantada, à moda do cantador Seu Ribeiro, que ele começou a tecer em meados de 1992, inspirado pela história do peão Zé Horta e que só agora deu cabo, com o objetivo de celebrar a marca de dez anos de carreira, dedicados ao ofício da cantoria de cabeceira (estilo musical do sertão, da roça).

A história cantada, narra à desventura de um vaqueiro do Norte de Minas que decidiu se aventurar em um rodeio, que teria ocorrido pelas bandas do Triângulo Mineiro, deixando a noiva com promessa de breve regresso e juras de amor.

O disco viabilizou a participação de inúmeros cantores e instrumentistas, Mãe Helena, Adelaine Ribeiro, Xangai, Chico Lobo, Johnny Hermo, Márcio Britto, Tony Ribas, Mestre Linguinha, Babilak Bah, Djalma Januário, Black Pio, Tom Nascimento, Coroné, Eric Duart, Andreia Ribeiro, Anderson Algusto, Guiu Medeiros, Maurício Duarte, Gibram Muller, Demonsthenes Junior e Suely Silva, além da participação especial de Betinho Macedo, ex-baixista da “Banda A Cor do Som”.

Gravado no Estúdio Abre Alas, em Santa Luzia, com mixagem de Dalton Palmieri e maxterizado na Master Disc, o cd recebeu uma atenção especial em relação ao seu encarte, com Ilustração do artista plástico Wilton Vinicius e fotografias do amigo e músico Juca Filho, ex-Boca Livre, e retratos de Seu Ribeiro feitos pela sua própria filha, Cecília Ribeiro, de oito anos!

O cantador SEU RIBEIRO

Tendo iniciado sua carreira em 1999, quando foi convidado para participar de um evento no centro cultural Lagoa do Nado, Seu Ribeiro passou a ser considerado pela crítica mineira uma das grandes revelações da música regional contemporânea. Tal reconhecimento foi confirmado pela crescente acolhida do público, e levou-o a ser convidado para entrevistas em programas de TV como Globo Horizonte (REDE GLOBO), Sr Brasil (TV CULTURA), Arrumação (REDE MINAS), Viola Brasil (TV HORIZONTE) etc.


Em 2002, já se destacando no cenário musical, recebeu honrosa benção do padrinho e cantador Elomar Figueira Mello, e se apresentou com ele em BH e pelo Brasil afora. Desde então, com a carreira de músico consolidada, participou de inúmeros festivais e eventos por todo o Brasil, dentre eles o II Encontro Nacional de Violeiros em Ribeirão Preto/SP (2004) e o II FESTIVELHAS, realizado em Jequitibá/MG (2008).

Mineiro de Belo Horizonte, Seu Ribeiro descende de uma família de músicos. Sua trajetória é marcada pela generosidade daqueles que fazem da arte de cantar mais que um simples meio de vida: ela é, sobretudo, um estandarte em defesa dos valores e princípios inerentes à identidade cultural do povo brasileiro.

Neto de congadeiros, Seu Ribeiro herdou o legado da folia de terreiro e, também, o tino natural dos Poetas Estradeiros que decantam a Sabedoria Popular, buscando fragmentos da memória ancestral registrada na oralidade de seu povo. É com essa consciência, que esse menestrel mineiro vem se doando ao Ministério da Cantoria de Cabeceira, onde decanta as coisas de seu viver, tributando, em cada verso, a tradição e devoção do caboclo sobre a terra.
 
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RUA DA VIRADA - MIM GERAES (REPOST A PEDIDO)

  • Rua da Virada foi formada nas cidades de Ouro Preto e Mariana, Minas Gerais, durante o período de gravação do álbum “Mim Geraes”, elaborado por Adner Sena e Rao Soares. O álbum traz um universo de gêneros, ritmos e estilos musicais - jazz, samba, rock, xote, boi, tango, mambo, e outros - que se organizam em onze canções. As influencias da banda são ponto de partida da obra que segue uma transformação que traça um caminho do rural ao urbano, entre a cultura de raiz e a globalizada. O estilo da Rua da Virada nasce da síntese desses contrastes, da particularidade de suas letras que trabalham as atuais relações de amor e experiências do sujeito nos diversos ambientes da vida contemporânea.
    Erguendo-se através de um espírito criador incansável, os músicos da Virada, os artistas da Rua, começaram o seu percurso em 2013 e se apresentam como uma nova expressão da Música Popular Brasileira, do cenário da canção mineira. E é carregando essa bandeira que Adner, Cássia, Gabriela, Henrique Nolasco, Henrique Silva, Paulo, Pedro, Rao, Tiago e Vitor põem os pés na estrada valorizando o riquíssimo passado da nossa música, caminhando em direção a uma nova expressão da canção na contemporaneidade.

    Músicos que gravaram o Mim Geraes:

    Adner Sena (arranjos, voz, violão, viola caipira e guitarra)
    Ana Maria (participação especial, voz em Para Lô e Milton)
    Antônio Roberto (teclado)
    Dalton Sanches (participação especial, bateria em O Herói e Cartão Postal)
    Gabriela Guadalupe (voz)
    Henrique da Silva (arranjos e percussão)
    Ícaro (percussão)
    Paulo Santana (arranjos e baixo)
    Rao Soares (arranjos e voz)
    Tiago Valentim ( arranjos e percussão)
    Thomas Panders (diretor musical e técnico)
    Vitor Dias (arranjos e flauta transversal)

    Mim Geraes

    01- Para Lô e Milton (Adner Sena e Rao Soares)
    02- Duas quadras (Adner Sena)
    03- O amor mandou me chamar (Elton Melo)
    04- Dama da noite (Elton Melo e Flora Agni)
    05- Cobra que tu és (Adner Sena, Lucas Venceslau, Marcus Mitre e Rao Soares)
    06- Pra pensar em você (Adner Sena e Rao Soares)
    07- Romeu e Julieta (Adner Sena, Leo Lopes e Rao Soares)
    08- O herói (Adner Sena e Rao Soares)
    09- Cartão postal (Adner Sena e Rao Soares)
    10- Samba nu (Adner Sena e Rao Soares)
    11- Todo fogo (Adner Sena e Rao Soares)

  • ruadavirada1@gmail.com
     
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terça-feira, 16 de janeiro de 2018

LUIS DILLAH - QUE NEM EU - (EXCLUS.CSDT)

Primeiro lp de Luis Dillah lançado em 93 (que tenho original) e remasterizado  para cd em 97 disco que tem a canção "alcalino" regravada por outros como o grupo Falamansa.
Mineiro de Uberlandia, LUIS DILLAH é neto de violeiro, de quem herdou a viola e um gosto musical eclético. Pesquisador e compositor de músicas que exploram os ritmos mais densos da MPB, Dillah ganhou o mundo a muito tempo, desde que resolveu participar de festivais, encontros e outras violadas por aí a fora...

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CANTO SAGRADO DA TERRA

domingo, 14 de janeiro de 2018

DELICIAS DE MINAS




ANDRELÂNDIA
Força que vem da carne
Da Síria, voltamos a pôr os pés em solo mineiro para saborear uma receita que é a mais pura expressão de nossa cozinha. A suã com engrossado de fubá de moinho d’água é herança dos escravos e dá força e energia a quem a experimenta. Em Andrelândia, quem prepara a iguaria com maestria é a banqueteira Dinorá Cristina Almeida que, com a sócia Ivone Carvalho, prepara os banquetes das principais festas da região. Ela conta que conhece desde a infância a receita, incorporada como iguaria ao buffet por um improviso. “Fizemos uma festa e, já de madrugada, a carne acabou. Eu tinha uma suã na geladeira e fiz para o pessoal. Todo mundo adorou e começou a pedir sempre. É comida da roça, simples, mas muito gostosa”, conta. Dinorá já trabalhou com contabilidade, mas garante que não há lugar em que se sinta mais à vontade do que a cozinha. “Prefiro mil vezes ficar no fogão do que em um escritório”, confessa. Ao chegar à mesa, a suã com engrossado de fubá parece um banquete, ainda mais acompanhada de arroz branquinho e couve refogada na hora. Se o prato alimentava os escravos, hoje é digno de um verdadeiro rei.
Para a suã
 1 kg de suã em pedaços
 1 colher (sopa) de sal para salmoura
 3 dentes de alho batidos com sal a gosto
 1 cebola pequena, picada
 1 colher (sopa) de gordura de porco ou óleo
 1 tablete de caldo de carne
 Água

Para o engrossado
 2 xícaras (chá) de fubá de moinho d’água
 1 colher (sobremesa) de sal
 1 colher (sopa) de gordura de porco ou óleo
 2 dentes de alho amassados
 1 litro de água quente
 100 g de pele para pururuca
 Pimenta-malagueta a gosto
 1 tablete de caldo de carne
 Óleo para fritar a pele

Como fazer suã com engrossado de fubá

Pôr a suã em uma vasilha e cobrir com água e o sal. Deixar de molho por 40 minutos, até que a carne fique mais clara. Escorrer e temperar com o alho e o sal. Deixar por uma hora coberto. Em uma panela, refogar a cebola na gordura e, quando escurecer, pôr o caldo de carne, a suã e dois copos (tipo americano) de água quente. Deixar cozinhar por aproximadamente uma hora, sempre pingando água à medida em que for secando. Para o engrossado, refogar o alho com o sal, pôr o fubá e mexer por três minutos. Pôr a água, o caldo de carne e mexer bem. Tampar e deixar cozinhar por 40 minutos, mexendo algumas vezes, para não agarrar. Fritar a pele em óleo quente suficiente para cobrir e assim que retirar do fogo, despejá-la na água fria, para amolecer. Pôr a pele e a pimenta no engrossado e deixar cozinhar por cerca de 10 minutos. Retirar a suã da panela e servir com o engrossado.
Receita fornecida por Dinorá Cristina Almeida,
de Andrelândia: (35) 3325-1701

PELAS TRIA E ISTRADINHAS DE MINAS

SANTANA DO RIACHO


CANTO DE UM LUGAR CHAMADO MINAS GERAIS (EXCLUS. CSDT)

Mais uma vez o canto sagrado vem postar uma belíssima coletânea de artistas mineiros alguns consagrados outros não.
De norte a sul garimpei verdadeiras relíquias que devem ser apreciadas, degustada como queijo e goiabada uma combinação perfeita à mineira.

1- TARCISIO MANUVEI - SO PEÇO A DEUS (UBERLANDIA)
2- ALEXANDRE BIANCHINI - OUTRO QUILOMBO (DIVINOPOLIS)
3- BIANCA LUAR - PEDAÇOS DO SERTÃO (BELO HORIZONTE)
4- TAQUINHO DE MINAS - VIDA DE LAVRADOR (COLUNA)
5- DUDU MENDES - LOBO GUARÁ (BETIM)
6- ARTHUR VINIH - A ESQUINA DE UMA RUA QUE NÃO TEM FIM (PONTE NOVA)
7- JOÃO LUCIO - TREM SEM FREIO (ITAJUBÁ)
8- GRUPO TELHADO - POEIRA E VIOLA (ITAJUBÁ)
9-MARCUS VIANA E LULIA DIB -NO VELEIRO DA VIDA (BELO HORIZONTE /SABARÁ)
10-JORGE MURAD - AMANHECEU (BRASOPOLIS)
11- LUCIANO PACCO - A VIDA VAI (FRUTA DE LEITE)
12- LECI ESTRADA - INTERIOR (BRUMADINHO)
13- JUKITA QUEIROZ - PÉ NA ESTRADA (MONTES CLAROS)
14- LIVIA ITABORAY - NA CURVA DO RIO (BELO HORIZONTE)
15- GRUPO MAMBEBE - CAMARÁ (BELO HORIZONTE)
16- GRUPO BORNÁ DE XEPA - DONA MARIANA (TRES CORAÇÕES)
17-JOÃO CARLOS E CARLOS LEITE - MEU CENÁRIO (POÇOS DE CALDAS)
18- ED CABELEIRA - FRUTO NATURAL (SÃO JOÃO DO PARAÍSO)
19- RONALDO TOBIAS - VIROU LENDA ( MONTES CLAROS)
20-CASSIO RENY - MONTES PASSAROS (MONTES CLAROS)

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CANTO SAGRADO

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

LUIZ GUEDES E TOMAS ROTH - EXTRA

Antes de fazer esta postagem tive duvida em qual blog postaria, a dupla formado por um mineiro e um carioca, Canto Sagrado ou Terra Brasilis.
Mas depois de quebrar a cabeça resolvi postar no Canto sagrado uma vez que as musicas feita pela dupla tinha muito haver com a musica feita em Minas nos anos 70/80 como 14 bis, Beto Guedes e outros do clube da esquina fonte em que Luiz Guedes saciou sua sede, os arranjos a harmonia as letras e sem contar que esse disco é uma belíssima homenagem ao saudoso mineiro de Montes Claros Luiz Guedes, uma escolha justa.


Luiz Guedes nasceu em Montes Claros, em 21 de Janeiro de 1949. Era o caçula do casal Coroliano Fernandes Guedes e Eurídice Costa Guedes e sobrinho de Godofredo Guedes, sendo, naturalmente, primo de Beto Guedes. Lulu cresceu num ambiente musical. Foi ele quem ensinou a Beto os primeiros acordes de violão.
Já adolescente, em Belo Horizonte, convivia com a turma do futuro Clube da Esquina: Milton Nascimento, Lô Borges, Márcio Borges, Flávio Venturini e Novelli, uma geração de músicos brilhantes. Lulu resolveu não embarcar nesse "trem azul": veio para São Paulo em 1973, para seguir seu próprio caminho.
Em São Paulo, começou parceria com um outro primo, o letrista Paulo Flexa, então estreante. A dupla não fez muito sucesso, mas assinou grandes composições como Estradas, Clube do Coração e Amoramar.

A dupla com Thomas Roth

Em 1978 conheceu o carioca Thomas Roth, dando início a uma vigorosa parceria. Em 1981, lançam o primeiro LP, Extra, pela EMI-Odeon, um pop eficiente e bem elaborado, melodias e harmonias refinadas e vocais bem apurados. Fazem sucesso nas FMs com Milagre do Amor e Estradas.
Jornal do Planeta, lançado pela mesma EMI em 1983, último disco da dupla é produzido com requinte, apresentando arranjos sofisticados e inventivos, e apresenta como grandes sucessos a faixa-título e Ela Sabe Demais. Em 1985, diante do sucesso do rock nacional e da falta de apoio das gravadoras, a dupla resolve se separar. Mas Thomas Roth resolve homenagear o amigo relançando os dois CDs da dupla pela Lua Music.

Doença e Morte

Em 1994, Lulu descobre um câncer e resolve voltar para Montes Claros, para viver com a esposa Lenita e as filhas Bárbara e Débora e, acima de tudo, cuidar dos seus negócios e terminar a vida compondo.
Esquecido pela mídia e fulminado pela doença, Luiz Guedes faleceu em 25 de Novembro de 1997.

(contribuição valiosa de Barulho dágua musica )


1006 – “Extra”, homenagem de Thomas Roth (RJ) ao parceiro Luiz Guedes (MG), abre nova série do Barulho d’água Música


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CANTO SAGRADO 

domingo, 7 de janeiro de 2018

ERICK CASTANHO - ELEMENTAL (EXCLUS. CSDT)

Quem conhece a obra de Dércio Marques deve estar relativamente familiarizado com o termo “elemental”, largamente presente em seu disco “Segredos Vejetais”, provavelmente seu trabalho mais elaborado. Não sei se é seu melhor disco – difícil escolher dentre tantas obras primorosas e pontuais, que ora focam um Brasil profundo, ora América Latina ou andanças pela Peninsula Ibérica, onde travou um contato fundamental com José Afonso, o grande artista português e um surpreendente Paco Bandeira, diferente do “Paco” conhecido pelos próprios portugueses;  melhor é deixar que cada um faça sua escolha pessoal, pois Dércio era muitos, como mostra sua discografia.
Literalmente um andarilho a serviço da música, que de vez em quando parava e erigia uma torre, sob forma de disco. Embora houvesse uma unidade intrínseca entre eles, eram independentes entre si, mantendo, entretanto, uma invariabilidade rara na procura incansável da brasilidade contida na música. Embora o Brasil seja um país essencialmente musical, tais aspectos identitários facilmente se perdem nos desvãos dos caminhos, a ponto de tornar os próprios “invisíveis”. Durante toda a sua vida Dércio arregimentou um número grande de seguidores e simpatizantes de sua “causa”. O “Projeto Dandô – Círculo de Música Dércio Marques”, do qual faz parte Érick Castanho, é uma justa homenagem ao menestrel, buscando na prática restabelecer a rede de vínculos entre artistas e público de diferentes lugares do Brasil e América Latina, exatamente como ele fazia, embora, no seu caso, fosse algo mais intuitivo do que regiamente projetado..
.
 Dentre o “projeto” de vida de Dércio, em sua existência intensa e aparentemente caótica, verdadeira máquina criativa, compondo com parceiros das mais diversas procedências e estilos, “Segredos Vejetais” é simbolicamente seu legado: tudo está ali, os ritmos brasileiros e latinos, as lendas e sobretudo seu imenso amor pela natureza, que talvez tenha sido a face de sua militância mais intensa e clara,  apontando sem meios termos para as denuncias da devastação que à época da produção do disco já se encontrava em processo acelerado. Obra profundamente poética, onde a fantasia não encontra limites e os “espíritos da natureza”, seres geralmente arredios, ganham cor, forma e voz.  Outros trabalhos deram continuidade, mas tudo já estava de algum modo presente em “Segredos Vejetais”. Na musica que poderia ser subtítulo do disco, “Natureza Oculta”, de Milton Edilberto, estão presentes várias citações dos elementais, que permeiam todo o trabalho. 
(”Elementais” são os espíritos da natureza. Silfos, Salamandras, Ondinas e Gnomos, que  comandam respectivamente o Ar, Fogo, Água e Terra.)
“Elemental” é o nome do disco de estréia do mineiro de Ituiutaba, residente em Uberlândia, Érick Castanho, um fruto da grande árvore derciana. (Não por acaso, Dércio é da mesma região. Diz a lenda que Uberaba e Uberlandia disputam a primazia de ser a cidade natal do musico).
Elemental, o disco, é daqueles felizes empreendimentos que melhoram a cada audição que realizamos. Uma celebração da cultura brasileira e latina, de forma alegre, leve e descontraída, como num sarau entre amigos reunidos para homenagear temas sagrados do folclore, das folias, referências à matriz luso brasileira, nos belos temas instrumentais “Ventos do Minho e Histórias Além-Mar”. Vale mencionar o desafio de executar "Riacho de Areia". Deve ser a musica folclórica mais gravada do Brasil: Dercio Marques, Doroty Marques, Tavinho Moura, Almir Sater, Milton Nascimentos, Consuelo de Paula, apenas para citar alguns artistas. Cada versão melhor que a outra, definitiva! E por outro lado, como fazer um Cd que fale do folclore, sem cantar "Riacho de Areia"? A cantiga, de domínio público, é passagem obrigatória na "travessia" pelo universo mágico das Geraes – tão simbólica quanto a própria palavra – Travessia - que encerra o romance icônico, Grande Sertão: Veredas. Para cantar Riacho de Areia, Erick Castanho optou por simplicidade e  sentimento aos versos sumamente sonhecidos, o "sentimento" profundo que evoca as coisas da terra, sem muitos floreados instrumentais. Mas houve espaço para criação: compôs um interessante "retalho" com "Rio", do cantador Luiz Salgado, participação indispensável no disco e tudo isso entremeado com versos declamados pelo poeta coração do Brasil, o impagável e impressionante João Bá! Como diria o próprio Bacurau Cantante: “Ficou bunito que só vendo!”
O transculturalismo, as inúmeras referências evocadas por Érick, a exemplo de Dércio, reuniu mais de 30 músicos, num todo harmônico. Linda homenagem ao andarilho agregador que espalhava sementes e chamava todos à roda. E nessa roda, arreunida especificamente, não podemos deixar de mencionar Kátya Teixeira e João Arruda (os demais músicos nos desculpem).

 O disco de Érick Castanho – nome de batismo Érick Guimarães França – culmina, enfim, uma existência musical fruto da convivência cotidiana não só com as coisas do folclore – folias, congadas, toadas -  mas também do blues e do rock, enriquecendo sua experiência como músico, moldando-lhe um estilo, provando que a boa musica ultrapassa fronteiras e preconceitos, enriquece a vida: a Arte, notadamente a musical, talvez venha a ser o “Alvorecer” inevitável, tal como escreve no texto do encarte seu parceiro musical e pai, Aldo França.O alvorecer, a música e o texto, é um chamado, um aviso: é nossa inevitável oportunidade. O que pode o artista, num mundo passando por profundas, rápidas e aparentemente indolores mudanças, no rastro da globalização, seu brilho reluzente e suas falsas promessas de democracia definitiva? (o grifo em itálico é por minha conta e risco).
Talvez seja característico da própria democracia sua permanente instabilidade e deve ser melhor que a encaremos sempre assim. Num mundo assim, fortemente contrastado por dualidades, é tentador para o artista ceder à falsa consciência e assim deixar-se cair na vala comum, deixando de lado sua verdadeira missão, para a qual recebeu dons além dos reservados aos comuns mortais: a capacidade de dialogar diretamente com a sensibilidade de quem o ouve e vê. Ouçamos os poetas, os músicos, deixemo-nos embriagar pela arte, uma das linguagens de Deus, que todos que habitam abaixo dos céus compreendem! (texto credito sertaopaulistano.com.br)
*Joel Emídio


“O alvorecer é a luz que vem sobre a escuridão...
Não há como impedir o amanhecer de um novo dia.
Quando chega a ‘hora’, os pássaros começão a cantar
e os primeiros raios de luz dão as cores no horizonte
antecipando o sol que vai nascer.
E do despertar para a luz de um novo tempo
é inexorável!
O nosso mundo, nunca mais será  o mesmo.
A continuidade da vida humana na terra exige
uma mudança radical dos costumes e na sua postuta
no seu habitat planetário para o prosseguimento da vida.
Cada ser é responsável pelo seu próprio Amanhecer...
É inevitável!...
Vejam  os sinais...
A luz do conhecimento já ilumina todo o caminho.
Não há como retroceder!”
            (Aldo França)

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