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sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

A DESPEDIDA - FLAVIO HENRIQUE



MINAS DE LUTO.
É com tristeza que por meio desta o blog Canto Sagrado vem prestar uma solidariedade à família  e amigos do Flavio Henrique falecido nesta quinta feira vitima de febre amarela.
Que Deus conforte a todos, são meus sinceros sentimentos.
Como diz o velho Rosa "as pessoas não morrem ficam encantadas"

Compositor plural


A música de Flávio Henrique era plural. Prolífico em parceiros, o cantor, compositor e instrumentista construiu uma obra que dialogou com diferentes gerações da música mineira. E uma obra extensa: compôs 180 músicas. O ofício ele aprendeu em casa, por meio da mãe, Delza Cecília Alves de Oliveira, professora. “Ela exerceu a profissão de musicista até quando eu tinha uns 10 anos. Curiosamente, foi depois que ela largou a música que eu comecei a minha carreira”, disse ele em depoimento ao site do Museu Clube da Esquina.

Um dos discos responsáveis por sua formação foi de Toninho Horta, que muitos anos mais tarde se tornaria seu parceiro. Um dia, sua mãe chegou em casa com um álbum do violonista, gravado em 1984. Flávio, então mal entrado na adolescência, não tocava nenhum instrumento.

“Esse disco branco do Toninho Horta foi a primeira coisa com essa cara forte daqui de Belo Horizonte que chegou e eu gostei de cara. Engraçado que era uma música difícil”, disse.

Com muitos instrumentos em casa, graças à mãe professora, Flávio se tornou autodidata. Aprendeu piano, cavaquinho e violão. O primeiro grupo nasceu também na escola. Em 1994, já aluno da Rede Pitágoras, matriculado na mesma turma que Robertinho Brant, Flávio passou a integrar o grupo Candeia. O disco de estreia viria logo depois. Lançado pelo selo Velas em 1995, Primeiras estórias trazia no repertório as faixas Caçada da onça e Carro de boi inspiradas, respectivamente, nos contos Meu tio Iauaretê e Conversa de bois, ambos do livro Sagarana, de Guimarães Rosa. O disco o fez trocar o bar pelos estúdios, especializando-se na composição de canções para artistas como Paulinho Pedra Azul e Ana Cristina, entre outros. Cinco anos depois, Ney Matogrosso batizaria o elogiado Olhos de farol, em que dava mais uma guinada na carreira solo, com a canção de Flávio, que, a essa altura, já chamava a atenção de produtores como Ronaldo Bastos.

INDEPENDENTE Em 2000, Flávio ficou em quarto lugar na categoria compositor no Prêmio Visa de Música. Marina Machado e o Trio Amaranto (formado pelas irmãs Flávia, Marina e Lúcia Ferraz) seriam os companheiros de palco na performance. A parceria no palco gerou mais um disco, Aos olhos de Guignard. “Foi o disco independente de maior tiragem (6 mil cópias) feito na cidade”, disse ele em 2012 ao Estado de Minas.

Já em 2002, Flávio Henrique gravou em parceria com Chico Amaral o disco Livramento, cujo repertório reúne músicas cantadas e instrumentais. Milton Nascimento participou deste trabalho na canção Nossa Senhora do Livramento, e Ed Motta em Hotel Maravilha. Vale lembrar que Flávio e Chico foram os produtores de Baile das pulgas (1999), primeiro álbum solo de Marina Machado. Na sequência ele faria os discos Sol a girar (2005) e Pássaro pênsil (2008). O primeiro álbum foi um ensaio do que viria a se tornar o quarteto Cobra Coral. Em 2012, o quarteto lançou o trabalho de estreia. E em 2015, o segundo.

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