Como estamos postando o disco coletânea do Grupo Agreste lembrei de um disco muito raro (vinil) de um integrante musico e compositor do Agreste Pedro Boi.
Violonista, compositor, cantor e pesquisador de fatos verídicos de sua
região, no norte das Minas Gerais, relacionado à luta pela terra, a
guerra entre grileiros e posseiros, Pedro Boi transforma tudo isso em
música, além das letras românticas, caipiras, o jeito simples de ser e
dizer o que pensa. Esse mineiro é um dos artistas brasileiros que luta
pela música da terra.
Pedro Boi nasceu num 29 de junho. Pedro
Raimundo dos Reis, o Pedro Boi é da cidade de Ibiracatu e veio para
Montes Claros com sete anos de idade. Ele conta que seu primeiro
instrumento foi a sanfona que ganhou de presente do pai. O primeiro
cachê já recebeu com 11 anos de idade, quando tocou em uma festa de
quadrilha.
Na maior cidade da região teria mais oportunidade.
Começou tocando sanfona nos grêmios infantis ou onde houvesse uma
festinha: fossem os quintais ou as salas da Vila Brasília. Dali veio a
inspiração e o contato com seu primeiro parceiro, Ildeu Braúna.
Começou
fazendo músicas para "tentar conquistar as menininhas". E como as
conquistas apareceram: foram muitas as namoradas. As canções, às vezes,
eram as mesmas. Mudava-se apenas os nomes das garotas.
A partir
deste início, a parceria foi crescendo e novos interesses pairavam sobre
sua cabeça: os problemas sociais, os conflitos, a ditadura vivida na
pele. Tudo se refletia nas músicas que já apareciam, aqui e acolá, em
festivais. Alguns modestos, como os da Escola Normal. Outros, mais
arrojados, como o Festival Universitário (Fucap) e Festival Rímula.
Figura
mais carismática, atraiu outros parceiros e interesses, surgindo assim o
Grupo Agreste, banda de música montes-clarense. E bastaram algumas
apresentações nas cidades do Norte de Minas para se consolidar a
parceria dos rapazes. O cantador Téo Azevedo, então um veterano produtor
em São Paulo, ouviu o grupo, gostou e viabilizou uma gravação.
Era
o começo da década e 80 quando saiu o primeiro disco, pelo selo
Cristal, que estorou como uma bomba, não só na região, mas em todo o
Brasil. Carente deste tipo de música - a regional inteligente - foram
parar na novela da TV Bandeirantes, "Rosa Baiana". As músicas eram Zumbi
e Jaíba, parceria de Pedro Boi com o poeta Ildeu Braúna.
O
segundo disco do Grupo Agreste foi lançado em 1982 e seguia o lado de
obra prima do primeiro. Os sucessos, como a "Lenda do Arco Íris" e
"Quebra Milho" (gravada depois pela dupla Pena Branca & Xavantinho,
com participação de Renato Teixeira) ainda hoje repercutem nas reuniões
informais e também nas formais, quando alguém sempre apanha um violão e
se põe a cantar. O Grupo Agreste passou, como passou a Banda de Chico Buarque.
Pedro
Boi continuou músico, compositor dos bons e, como o violão em punho,
seguiu seu caminho compondo, agora não só com Braúna, mas também com
Manoelito (José Manoel), Guita, Charles Boavista (ex-Grupo Raízes) e Téo Azevedo entre outros, mostrando a arte norte-mineira, no que ela tem de maior valor.
As
parcerias renderam três discos, sendo dois em vinil e um CD.O primeiro
disco, "Coração Estradeiro", chegou no fim da década de 80. Nele, uma
mostra do caminho andado, dos amores passados, da vida vivida. Um
retorno ao seu estado mais puro. Muita pesquisa, muita saudade. E o
futuro para ser construído a partir dali.
Os shows foram se sucedendo, outras melodias foram sendo criadas, o segundo disco solo, em 1993.
"Passarim", ainda em vinil, mostrava não uma retomada,
mas
um alerta. Não sobre ecologia, já em suas veias desde o início da
caminhada ainda na distante Ibiracatu, hoje transformada em cidade
progressista. Um disco sério, com um conteúdo para intrigar e instigar
quem ouve.
E deste trabalho sério surgiram os olhos dos cantores nacionais. Como Sérgio Reis, que gravou "Passarim Cantadô". O mesmo aconteceu com Saulo Laranjeira.
Mas
o progresso vem e vai. O vinil passou. Agora, sozinho, mais seguro de
si, mais vivido, mais compositor e músico, com todas as experiências
passadas. E o novo disco, em CD, traz "Passarim" com acréscimos e ainda
contou com participações especiais de Saulo Laranjeira, Grupo Vocal "Nós & Voz" e Mariana
Morena. E que bons acréscimos, tão esperados. São músicas novas e regravações dos discos anteriores.
Para
marcar este início, pois Pedro Boi reinicia sempre, reinventa o
inventado. E cria. Agora, é parar e ouvir "Passarim", seguindo o sábio
conselho do velho mestre Zé Coco do Riachão: "Quem qué aprendê vai e
vai, que a temusia e a ceguêra de hum home, quando qué uma coisa, as
vêz, é bem maió que ele."
Após fazer show por praticamente todas
as cidades norte-mineiras, Boi partiu para a capital mineira, onde o
trabalho de divulgação foi seu principal objetivo. Ali cantou em
diversos eventos e formou a Banda do Boi Bonito, que é especialista em
apresentações de forró. "Mas o forró legítimo, aquele de pé de serra",
diz ele, influenciado por Luiz Gonzaga e Dominguinhos.
Disco digitalizado de vinil em 320kbps
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CANTO SAGRADO
faz o repost de coração estradeiro
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