Seu contato com a viola foi quase por acaso. Professor de violão, recebeu uma viola para afinar e descobriu ali seu instrumento. A versatilidade da viola foi fundamental para que o novo violeiro pudesse trabalhar ali todas as suas influências, as memórias de um repertório muito diversificado e de paisagens inesquecíveis.
Em 2008, o músico gravou seu primeiro trabalho solo, o CD "Vaqueiro" já postado aqui no blog. Seu segundo álbum, "Viola de Todos", foi resultado do projeto Circuito Estrada Real, onde se apresentou ao lado de Bilora, Chico Lobo, Joaci Ornelas, Pereira da viola e Wilson Dias. Atualmente, todos esses músicos e Gustavo Guimarães formam o projeto Vivaviola, que já lançaram o segundo trabalho, o CD Viva a Cantoria também já postado aqui no blog.
Depois do lançamento de peso do disco instrumental 'Viola de ponta a cabeça', de Fernando Sodré, a viola mineira dá novas mostras de que continua a se reinventar com 'Viola de todos', de Gustavo Guimarães. Ele experimentou misturar as tradicionais 10 cordas com forró, xote, balada e até blues em canções autorais que tiveram arranjo coletivo de sua banda. Sem enxergar limites
Gravado no ano de 2012 no estúdio de Gustavo, em Belo Horizonte, 'Viola de todos' tem 16 faixas, sendo 13 assinadas por ele, duas em parceria com João Evangelista Rodrigues e uma a cargo de Paulim Amorim. Uma das características mais interessantes da produção é o arranjo, conta o violeiro: “Faço a linha melódica, defino os instrumentos e deixo os músicos improvisarem, depois escolho os melhores trechos. Isso dá mais liberdade aos músicos, que não precisam ficar presos a um arranjo. Soa mais natural”.
Segundo ele, cultura popular e o sentimento de mineiridade ajudam a relacionar a viola aos gêneros musicais presentes do disco. Enquanto em 'Vaqueiro', seu disco anterior, o violeiro se inspirou mais em suas lembranças de infância pelo interior do estado, neste último trabalho deixou que a viola guiasse as composições sem, necessariamente, reproduzir a estética caipira habitual. “Quando percebi, estava com várias músicas em ritmos diferentes”, conta.
“Existem vários músicos experimentando ritmos diferentes na viola, o que tem revelado o grande potencial do instrumento. Isso não é fácil nem difícil, ocorre naturalmente. É como se a viola quisesse romper essa barreira de estar associada somente à música caipira. Não vejo limites para o instrumento. Sou caipira e acho que o mundo é caipira, o rock, o blues e tantos outros ritmos têm o seu lado caipira. Então, a viola é um instrumento universal. É, cada vez mais, de todos”, observa.
Com encarte bonito e muito benfeito, o disco teve produção do próprio Gustavo. Em estúdio, tocou viola e violão, sendo que na faixa instrumental Pangaré assumiu também banjo, gaita e percussão – ele também tocou gaita (além de teclado) em 'Encruzilhada', que tem influência do blues. Foi acompanhado por músicos como Pedro Henrique (baixo), Dedé Oliveira (bateria), Carlinhos Ferreira (percussão), Levi Ramiro (viola e violão), Totonho Bezerra (zabumba e triângulo) e Demósthenes Júnior (violoncelo).
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