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sexta-feira, 31 de julho de 2015

JUSSARA SILVEIRA - ÁGUA LUSA - 2013 -

Jussara Silveira é natural de Nanuque - MG e foi em Salvador - BA que iniciou seu trabalho com a musica.
Na trajetória da "mais portuguesa das cantoras brasileiras" - como a crítica de Lisboa definiu Jussara Silveira -, a mescla de referências lusófonas de Portugal e de África na concepção do seu fazer muscial é uma constante.
Em ÁGUA LUSA, a intérprete inspirou o jovem e premiado poeta português Tiago Torres da Silva para 7 novas canções portuguesas em parceria com músicos consagrados de seu país, como Rão Kyao, Rui Velloso e Pedro Joia, somadas a 4 fados tradicionais.
O disco contou com a direção musical de um dos mais respeitados guitarristas de fado da atualidade, Pedro Joia, e a participação dos músicos Filipe Raposo (piano), Edu Miranda (bandolim, cavaquinho etc.) e Ruca Rebordão (percussão)

 "Sei que não sou do fado por nascença / E só o posso ser por condição / Por isso, ao começar, peço licença / E assim que terminar, peço perdão", justifica-se Jussara Silveira, através de versos de Na companhia de fadistas (Fado Margaridas) (Miguel Ramos e Tiago Torres da Silva), por dar sua voz precisa a onze canções portuguesas no álbum Água lusa. A humilde justificativa soa simpática, mas dispensável. Grande cantora mineira de criação baiana, Jussara não é do fado por nascença, tendo sido introduzida no universo do ritmo lusitano na infância pela voz imortal da cantora portuguesa Amália Rodrigues (1920 - 1999), ícone do gênero. Só que Jussara tem realmente no canto o que o poeta lusitano Tiago Torres da Silva chama de portugalidade, característica que permite que a cantora brasileira se banhe com naturalidade e frescor nos sentimentos dessas canções portuguesas irmanadas pelo fato de todas as onze terem versos de Torres da Silva, com letras que quase sempre versam sobre amor e mar. Sob a direção musical do guitarrista Pedro Jóia, produtor e arranjador deste belo disco recém-lançado no Brasil pelo selo carioca Dubas Música, Jussara põe essa portugalidade tanto a serviço da melancolia embutida em canções com Voltarei à minha terra (Armandinho e Tiago Torres da Silva) e O nome do mar (Rui Veloso e Tiago Torres da Silva) como a favor da vivacidade que pauta a Cantiga do ladrão (Rão Kyao e Tiago Torres da Silva) e o refrão do Beijo alentejano (Carlos Gonçalves e Tiago Torres da Silva), de alegria sublinhada pelo acordeom de Filipe Raposo. Água lusa mergulha nesse universo lusitano com fidelidade aos signos da canção portuguesa, mas sem ranços tradicionalistas. O toque de samba inserido ao fim de Uma canção por acaso (Pedro Jóia) é exemplo de que Água lusa foge da tentação de fazer emergir o som exato de um tempo e de um passado já cristalizados na memória afetiva dos admiradores da música portuguesa. Ao mesmo tempo, todos os códigos da música da Terrinha estão lá quando Jussara Silveira canta com técnica e emoção Sereia (Fado menor do Porto) (Jaime Cavalheiro e Tiago Torres da Silva). Códigos realçados pelo toque do violão de Pedro Jóia, pelas cordas dos bandolins de Edu Miranda e pela poesia pura dos versos de Tiago Torres da Silva. Os de Meu amor abre a janela (Fado Santa Luzia) (Armando Machado e Tiago Torres da Silva) até resistem sem música. Mas a música é quase sempre muito bonita. Quem há de resistir à beleza do refrão de O mar fala de ti? (Ernesto Leite e Tiago Torres da Silva), em que a voz límpida de Jussara se harmoniza somente com o piano e o acordeom de Filipe Raposo? No fim, a valsa Quase a amanhecer (Pedro Jóia e Tiago Torres da Silva) - em que o toque do alaúde de Jóia evoca a influência árabe na música portuguesa - banha Água lusa de delicadeza, selando a beleza do disco. Basta ouvir Vou num rio (Fado Licas) (Armando Machado e Tiago Torres da Silva) para perceber a portugalidade de Jussara Silveira, fadista por condição.
 (Mauro Ferreira)

 Na primeira vez em que ouvi Jussara Silveira cantar numa casa de fados, fiquei siderado pela portugalidade do seu canto. E não era uma questão de sotaque ou de trejeitos da sua forma de cantar. Há uma ancestralidade no seu canto sempre que se entrega ao fado que me comove desde o primeiro momento. Só muito mais tarde percebi que isso que eu ouvia na sua voz se chamava amor – amor ao Fado, amor aos fadistas, amor às palavras. Não demorou a apaixonar-me pela brasileira que canta fados por quem já me tinha apaixonado muito antes, quando escutava a sua voz ao serviço de belas melodias da música popular brasileira.
(Tiago Torres da Silva)

 Nestes tempo de gritos, de indelicadezas, de grosserias musicais, a voz e os versos cantados por Jussara podem parecer deslocados deste contexto perturbador. Melhor que seja assim, não para aqueles que ainda acreditam na canção, na poesia,na beleza da voz de alguem como Jussara Silveira. (Bazo Borges)
 
 Um disco para se ouvir nas horas calmas... com tempo para a absorção/reflexão... — Nesses tempos apressados, em que tudo é "pra ontem" ou "já passou", os ouvidos gerais se desacostumaram... Agora (será pra sempre assim?) tudo tem que ser rá-pi-do, ras-tei-ro... Resumindo: Eu gostei/gosto deste disco e da abordagem de Jussara Silveira e seus acompanhantes "afiados" exatamente por isso: pela pausa, pela degustação.
(Tombom)



1. Na Companhia De Fadistas (Fado Margaridas)
2. Vou Num Rio (Fado Licas) 
3. Meu Amor Abre A Janela (Fado Santa Luzia) 
4. O Mar Fala De Ti 
5. Cantiga Do Ladrão
6. Voltarei À Minha Terra 
7. Uma Canção Por Acaso 
8. Beijo Alentejano
9. O Nome Do Mar 
10. Sereia (Fado Menor Do Porto) 
11. Quase A Amanhecer 

*Se vc gostou compre o original vamos valorizar a obra do artista.
DOWNLOAD: copie
https://mega.nz/#!u4YxTCoT!u8gxqSbFXa9FfYQofN2QRfu8PMt1LgbLUhSa_8770Gg

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