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quinta-feira, 28 de maio de 2015

CORAL FAMÍLIA ALCANTARA (exclusividade CSDT)



O Coral surgiu há mais de 50 anos no quilombo Caxambu, localizado em Rio Piracicaba, distrito de João Monlevade - Minas Gerais. O quilombo é formado por descendentes de dois povos africanos, os Wazilhes e os Angolanos. Na década de 50, o casal Filomena Tomázia e seu marido Pedro costumavam reunir seus filhos pequenos para ensiná-los cantigas aprendidas com seus antepassados. Eram cantos de alegria ou de tristeza, provocados pelos momentos vividos quando livres ou escravizados.

Mais tarde, na década de 60, seu filho Pedro Antônio começou a reunir a família para cantar nos fundos da igrejinha local, surgindo aí o coral. A iniciativa ajuda a transmitir de geração em geração as vivências culturais, as artes e os hábitos milenares que são observados e seguidos pela família no seu cotidiano. Falecida em 2001, Filomena Tomázia chegou a ver realizado o sonho de ter seu trabalho cultural seguido pelos filhos, com a criação da Associação Família Alcântara. Através dela, seus descendentes realizam projetos de pesquisa e resgate da cultura de raízes dos antepassados negros em várias áreas, como o canto, a dança, a culinária, o artesanato e a literatura.


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o começo do anos 1960, uma senhora que cantava na missa da Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora, em Padre Pinto (MG) - distrito de Rio Piracicaba, antigo Quilombo do Caxambu -, convidou um menino (cuja bela voz já havia chamado a atenção dos professores na escola) para acompanhá-la. “Eu disse não, mas ela insistiu e aceitei. Gostei da idéia, criei coragem e fui. Tremi, molhei a camisa de nervoso. Foi uma emoção e tanto, mas com muita aflição”, recorda Pedro Alcântara, hoje com 56 anos. Passada a tensão da estréia, ele continuou na atividade. Procurando aprimoramento, pediu ao padre para formar um coro que, além de sua parceira inicial, contava com outros integrantes da família – pai, mãe, irmãs, primos etc. E, assim, em 1963, com oito integrantes, a Família Alcântara fazia sua estréia musical nas celebrações de Nossa Senhora do Rosário. O templo foi o único palco deles até 1975, quando uma participação em um festival de corais abriu palcos que não os religiosos.

 “São integrantes de zero – como a Beatriz e a Alice – aos setenta e poucos anos”, conta Ivone de Fátima, 56 anos, diretora do grupo, cantora e cúmplice de Pedro Alcântara (“éramos os caçulas e fazíamos tudo juntos”) nas aventuras que fizeram surgir o coral. Com dezenas de apresentações no Brasil e incursão internacional – duas apresentações em Lisboa, Portugal – além de três discos e duas peças que contam a história do grupo. O que gostariam de ganhar como presente de aniversário? “Um ônibus”, responde Ivone. “Temos apresentações em locais distantes e o preço do transporte fica mais caro do que o cachê que recebemos”, explica, apontando uma fonte inevitável de problemas. “Quem mais quer o nosso trabalho pouco pode”, observa.

“Escolas, entidades públicas, prefeituras sempre pedem a nossa música para trabalhos de instrução e quando precisam de ações para levantar a auto-estima de crianças e comunidades”, conta Ivone, garantindo que boa auto-estima é o que não falta à Família Alcântara: “Temos vida simples, mas somos felizes. A alegria para nós está acima de tudo. Cantar, sermos aplaudidos pelo que fazemos, as pessoas pedirem bis, é muito gratificante”, completa. “Somos uma família igual a todas as outras, cada hora tem um problema, mas ele fica no camarim. Depois que toca o terceiro sinal e é hora de entrar no palco, tudo o mais fica para trás”, afirma. “A diferença de fazer música com parentes – brinca – é que não dá para substituir. Brigou? Tem de esperar fazer as pazes”. Ela é quem mais dá bronca na turma: “Você pode ser tudo na vida, menos irresponsável”, justifica.

FOLCLORE
Pedro Alcântara, o maestro da Família Alcântara, explica que o repertório do grupo é voltado para resgatar o folclore brasileiro e os cantos do congado, que foram adaptados para coral por ele. Estão no repertório algumas canções escritas pela irmã Casimira, também autora das peças que contam a história da família. “Nossa música é técnica, coração e tradição. Com o objetivo de manter a família unida e divulgar a cultura afro-brasileira”, explica. A música era hábito familiar, incentivado pelos pais. Não havia projeto de formar um coro. Ele conta que Ivone sonha com um disco ao vivo. Há também planos de construção de uma sede, para facilitar ensaios, com escritório e guarda-figurinos. Mas isso não é prioridade.


DOWNLOAD:
CORAL FAMILIA ALCANTARA - CANTO SAGRADO DA TERRA.rar

Um comentário:

  1. Outra preciosidade que foi deletada.... teria como subir novamente?

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