“Poesia é voar fora da asa”, disse o célebre poeta mato-grossense
Manoel de Barros – uma das grandes inspirações de Ricardo Frei, cantor,
poeta e compositor mineiro. Com participações de Sérgio Santos, Paula Santoro, Luiz Gabriel
Lopes, entre outros, o álbum “Fora da Asa” marca uma nova fase da
trajetória de Frei, que acaba de encontrar sua “batida perfeita” após
dois anos de muito trabalho.
“Esse é o primeiro disco em que consegui trabalhar formato e conteúdo
que sempre sonhei. Diria que é um disco de inteira responsabilidade
minha”, ressalta o artista, que já gravou outros dois álbuns com os
grupos Sambalaio, em 1996, e com o projeto Aparelho, em 2006. “Essas
experiências foram laboratórios para chegar ao resultado de ‘Fora da
Asa’, que demorou dois anos para ser finalizado”, conta Ricardo Frei.
As dez faixas do álbum incorporam à canção popular brasileiro elementos
sonoros e poéticos dos mais diversos. “Essas misturas fazem parte da
nossa tradição. O resultado do disco deixa inequivocamente claro que se
trata de música brasileira. Mas, ao mesmo tempo, flerto com o folk, como
se vê na faixa-título; com o samba, em ‘Reza’; com a bossa, em
‘Enquanto o Samba Não Vem; além de muitas pitadas de jazz”, explica.
“Faço esse encontro de gêneros, mas de uma maneira bem antropofágica. O
disco tem uma matriz, que é a canção brasileira, mas dialoga com outras
sonoridades. E sempre com atenção na interpretação, fazendo com que a
voz seja outro instrumento na hora de compor as músicas”, sublinha o
artista.
Ricardo Frei conta que as participações surgiram de forma natural, por
questões de afinidade e de proximidade. “Cheguei a esse time por pura
afinidade artística. A parceria mais importante foi com a Paula Santoro,
que, além de dividir os vocais comigo em ‘Fotografia’, fez a direção de
voz do disco. E foi na casa dela, no Rio de Janeiro, que o disco
nasceu, de fato. Ela me disse: ‘Você tem um trabalho maduro a ser
gravado, não tarde a fazer isso’”, relembra. “Depois, fui atrás de
pessoas que admiro, como o Sérgio Santos, que nos concedeu uma música
inédita que ele compôs em parceria com o Paulo César Pinheiro. Uma
responsabilidade grande”, pontua. “Já o Luiz Gabriel Lopes representa
essa nova geração de artistas de Belo Horizonte. Não fossem suas idas e
vindas ao exterior, certamente seria ele o produtor do disco”, afirma
Frei.
Sobre a influência da poesia no processo de composição, Frei afirma que
trata-se de uma característica inerente à sua criação artística. “Meu
trabalho musical toma como partida a noção de palavra cantada, de
melodia da língua. Me interessa que a poesia fisgue a melodia,
tornado-se sonora, cantável”, ressalta. “O que fiz foi pegar esse
trabalho poético, inspirado em Manoel de Barros, Paulo Leminski e
Arnaldo Antunes, e tratá-lo sonoramente, de forma que dê lugar à
palavra”, explica Ricardo Frei.
“O que estou
desenvolvendo é uma forma desse voo alcançar outros céus. Espero que
‘Fora da Asa’ esteja inserido nesse furor artístico que Belo Horizonte
vive atualmente, mas também quero que ganhe outros ouvidos, que não se
apegue a anteparos sonoros que possam impedir novos voos”, conclui o
artista mineiro.
(Lucas Buzatti)
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Faixa "cantoria" (postei separado devido problema na ripagem para postagem do disco)
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