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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

TAVINHO MOURA - MINHAS CANÇÕES INACABADAS - 2014

Tavinho Moura volta aos estúdios para apresentar canções e versões que, por seu engenho e beleza, não poderiam ficar inéditas ao público. Em voz e violão, o prestigiado cantor e compositor interpreta um repertório íntimo com originalidade e leveza. “Minhas Canções Inacabadas” é o disco de um mestre, ao mesmo tempo, inventivo e fiel a suas convicções artísticas.

  Para quem anda quase completamente absorvido pelo prazer de fotografar pássaros, Tavinho Moura não está nada mal como músico.  'Minhas canções inacabadas', espécie de colcha de retalhos de suas influências, já tem outro pronto, só com temas autorais para viola instrumental, e está terminando um terceiro, no qual interpreta Noel Rosa. O mineiro não abandonou os cliques, claro: está empenhado na produção de livro com imagens de animais da mata atlântica, que vai integrar com 'Pássaros poemas – Aves na Pampulha' seu registro apaixonado da fauna brasileira.

'Minhas canções inacabadas' é também o nome da canção que abre o disco, que finalmente foi gravada pelo artista. “O Ronaldo Bastos me deu essa letra em 1982 para que eu usasse no disco 'Engenho Trapizonga'. Eu a perdi, não conseguia fazer a música e ficava tapeando o Ronaldo”, lembra. Só recentemente é que ele encontrou o que passou décadas procurando: a letra estava dentro da agenda na qual Tavinho anotou tudo o que havia comprado para a construção de sua casa. Virou uma marcha dobrada de marujada, festa popular da qual é grande apreciador.

O fato curioso serviu de estímulo para voltar ao estúdio. A última vez foi há cerca de quatro anos, quando trabalhou na trilha sonora do documentário 'O mineiro e o queijo', de Helvécio Ratton. Na ocasião, uma das vinhetas que escreveu para a produção foi ouvida pelo saxofonista Chico Amaral, que se apaixonou pela composição e pediu a Tavinho que desenvolvesse uma música a partir dela. Assim nasceu 'Bolero de Ana', que teve interpretação do autor na viola registrada por Amaral em seu disco 'Província'. É uma das suas mais belas obras.

Ela tem a marca de Tavinho, em alguns momentos musicalmente lembrando o que ele fez em 'Paixão e fé', com um bonito sobe e desce da melodia. Trazida para 'Minhas canções inacabadas', a composição foi transformada em canção e ganhou nova dimensão. “Estava conversando com a Ana Amélia Diniz Camargos e queria musicar um poema dela. Achei um e o Murilo Antunes me ajudou em alguns trechos dele”, conta o artista. Feita a seis mãos, a canção faz referência ao Rio Paraúna, próximo a Presidente Juscelino, na Região Central do estado, onde nasceu Ana Amélia.

Sozinho

Outra canção marcante em sua carreira, 'Como vai minha aldeia' foi originalmente gravada em seu álbum de estreia (batizado com o nome dessa música, 1978) e ganhou nova interpretação. É a primeira parceria com Márcio Borges e a terceira composição que escreveu em sua vida. “Ela foi inscrita no Festival de Belo Horizonte, em 1969, do qual também participaram Milton Nascimento, Joyce, Sirlan, Toninho Horta e Beto Guedes. Marilton Borges foi quem cantou, com arranjo de Nivaldo Ornelas e orquestra regida por Aécio Flávio. Ficou em segundo lugar”, lembra.

Desta vez, foi gravada apenas com voz e violão. Aliás, o disco foi todo gravado por Tavinho, que cantou e tocou sozinho violão, viola e pandeiro – sem banda e sem músicos convidados. Gravação, mixagem e direção de estúdio ficaram a cargo do amigo Henrique Santana, que tem um estúdio (Poleiro d’Angola) em Belo Horizonte e foi um dos responsáveis por encorajar Tavinho a voltar a gravar. As sessões foram realizadas ao longo de dois meses, no fim do ano passado. “O disco tem um pouquinho de cada coisa que tem importância para mim”, resume.

Por esse motivo, também incluiu no repertório as músicas 'Corte palavra' (“Essa era do primeiro grupo que montei, cujo nome era o mesmo. O Márcio Borges faz um jogo entre Clube da Esquina e 'Araçá azul', do Caetano Veloso”), 'Dói dói coração' (“Construí um pandeiro e toquei essa marujada, que é cantada em Montes Claros. Juntei uma parte deles com um refrão meu”) e 'Ária nº3 – Cantigas das bachianas brasileiras nº 4', de Villa-Lobos (“A maneira como toco a viola e a sua afinação são tentativa de fazer algo próximo ao arranjo dele. Tenho paixão por essa música. O Milton já a gravou, mas eu não.”)

Noel Rosa

Também chama a atenção a presença da canção 'Confidências de um itabirano', na qual Tavinho cria melodia para poema de Carlos Drummond de Andrade, e, fechando o disco, releitura de 'Vai pra casa depressa (Cara ou coroa)', de Noel Rosa e Francisco Mattoso. “Há pouquíssimas gravações dessa música do Noel. Sempre gostei dela, tocava e ninguém conhecia”, observa Tavinho. Ele já gravou o compositor carioca várias vezes ao longo da carreira e agora está preparando um disco só de voz e violão com interpretações suas para músicas de Noel. Já tem 11 gravadas, como 'Três apitos', 'A dama do cabaré', 'Provei', 'Mentir', 'Positivismo' e 'Feitiço da vila'.

Entretanto, esse disco ficará pronto depois de 'Beira da linha', álbum de viola instrumental que o artista já terminou de gravar (no mesmo estúdio que registrou 'Minhas canções inacabadas'). “Regravei muita coisa de propósito, mas não porque não gostava de como tinha ficado, mas porque quero jogar tudo no mundo, para download pago pela gravadora Dubas”, adianta. Entre as faixas que selecionou estão as inéditas 'Flor da madrugada', 'Beira da linha', 'Rola Moça' e 'Agosto', além das novas versões de 'Caboclo d’Água', 'Diadorado', 'Coração disparado', 'Pegada da onça' e 'Capitão do mato'.

Na pauta

Tavinho Moura poderá ganhar caixa semelhante à que foi produzida para o baiano Elomar, incluindo cadernos com partituras de suas músicas e livro sobre seu universo sonoro e suas referências. A iniciativa foi do amigo e violeiro Ivan Vilela e o projeto será executado pela Lira Cultura, mesma empresa que fez 'Elomar: Cancioneiro'. Uma das particularidades desse formato é que a impressão dos cadernos é pensada de maneira a facilitar uso em estante musical, o que inclui tipo de papel e formatação que permita ao próprio instrumentista virar as páginas durante a execução das peças.


Minhas Canções Inacabadas - Tavinho Moura

1. Minhas Canções Inacabadas -
Tavinho Moura
2. Como Vai Minha Aldeia -
Tavinho Moura
3. Ária Nº 3 - Cantigas das Bachianas Brasileiras Nº4 -
Tavinho Moura
4. Oratório -
Tavinho Moura
5. Papo de Sapo -
Tavinho Moura
6. Bolero de Ana -
Tavinho Moura
7. Corte Palavra -
Tavinho Moura
8. Ciranda Inhangatú -
Tavinho Moura
9. Confidência do Itabirano -
Tavinho Moura
10. Porto das Flores -
Tavinho Moura
11. Peixe Vivo -
Tavinho Moura
12. Dói Dói Coração -
Tavinho Moura
13. Vai Pra Casa Depressa (Cara ou Coroa) -
Tavinho Moura

BAIXE ESSE CANTO SAGRADO:
 

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