Gravado na cidade mineira de Congonhas em 5 e 6 de novembro do ano passado quando a tragédia de Mariana completou um ano, o disco se debruça sobre a catástrofe ambiental com complexidade e delicadeza. “Os discursos gerados por ocasião do desastre, somados à turbulência política e econômica que o país enfrenta atualmente, muitas vezes são rasos e contaminados de interesses e paixões de todos os lados. A gente achou então que era oportuno trazer uma dimensão poética para essa conversa, incluindo nela ingredientes como sensibilidade, profundidade e sutileza, de maneira a deslocá-la dessa perspectiva antagônica do ‘8 ou 80’. Adicionando, inclusive, mais vozes nela sobretudo a humana, que é a mais frágil nessa história toda”, explica Túlio Mourão.
Donos de extensa bagagem de vivências junto a comunidades mineiras com suas dores e cores, Titane e Túlio Mourão são, por eles mesmos, bons tradutores de muitas dessas vozes. Paixão e fé, contudo, foi realizado sob um apurado exercício de imersão e escuta. A gravação do trabalho se deu em uma das salas da Romaria de Congonhas, espaço cultural que os artistas adaptaram como estúdio. “A ideia foi, em primeiro lugar, sentir a tensão que vive o povo daquela região, pois Congonhas está situada atrás de uma barragem de rejeitos muito maior que a de Bento Rodrigues. Quisemos também absorver a cultura popular do local. Botamos várias canções populares no disco”, conta Mourão.
O álbum tem ainda todos os seus registros em voz e piano, como se Túlio e Titane se despissem das próprias paixões, para viver a dos outros. Entre os destaques do repertório, Anoitecer, poema musicado de Carlos Drummond de Andrade, Promessas do sol, de Milton Nascimento, e 4 e 15 ou 15/3, de Chico César.
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Não tem como não se emocianar com este cd,simplesmente maravilhoso!
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