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terça-feira, 9 de maio de 2017

SERGIO PERERÊ - ALMA GRANDE / VIAMÃO


O músico, cantor, compositor e multi instrumentista Sérgio Pererê é um intérprete de timbre peculiar, melódico e potente. De djembé a guitarra, de charango a rabeca, o seu domínio de diversos instrumentos o faz figurar entre os grandes instrumentistas da cidade, com destaque para o trabalho como percussionista. Soma-se a isso o compositor profundo - mas que não se perde em hermetismos - cujas composições já foram gravadas por nomes como Ceumar, Titane, Eliana Printes, Fabiana Cozza e Maurício Tizumba, além de ser cantado por nomes como João Bosco, Milton Nascimento, Chico César e Vander Lee.
Com origem no Bairro Novo Glória, região Noroeste da cidade, Pererê foi iniciado na música ainda na infância. Influenciado pelo blues e rock progressivo, criou a banda AVONE, onde iniciou seu trabalho como compositor. Mais tarde, ao lado dos violonistas Meliandro Gallinari e Rafael Trapiello e da flautista argentina Andréia Cecília Romero, compôs o quarteto Pedra de Tucum. Em 1995, junto com Santonne Lobato e Giovanne Sassá, deu início ao Tambolelê, grupo com o qual lançou dois álbuns, excursionou pela Europa, EUA, Nova Zelândia e México, e criou o projeto sociocultural Associação Bloco Oficina Tambolelê, voltado ao ensino de percussão para jovens de seu bairro de origem. É o seu trabalho solo, no entanto, que pode ser considerado o mais expressivo de sua carreira e onde as referências afro-mineiras encontram-se de forma mais inovadora com vertentes da contemporaneidade. Faz parte desse trabalho cinco CDs autorais: Linha de Estrelas (2005), Labidumba (2008), Alma Grande, Ao Vivo (2010), Serafim (2011) e Viamão (2016), este criado em parceria com o grupo argentino No Chilla. O artista também já dividiu o palco com Milton Nascimento, Naná Vasconcelos, Wagner Tiso e João Bosco e, atualmente, integra o grupo Sagrado Coração da Terra, ao lado de Marcus Viana.
No teatro, Sérgio Pererê atuou nos espetáculos “Besouro, Cordão-de- Ouro” e “Bituca – O Vendedor de Sonhos”, ambos dirigidos por João das Neves, e interpretou Dom Quixote em “Oratório – A Saga de Dom Quixote e Sancho Pança”, espetáculo da Cia Burlantins dirigido por Paula Manata.


A decisão de lançar esse trabalho é, em primeiro lugar, emocional. O gênero ao vivo traz os erros e as emoções da apresentação: o aplauso, a participação do público, é tudo envolvente. O álbum mostra as experimentações musicais de Pererê. Mesmo deixando de lado o batuque e o tambor típicos de seu trabalho e optando pela voz e violão, as raízes afro-brasileiras permanecem. Participação especial de Marcus Viana.

01 - Iluminado
02 - Terra que Gira
03 - Velhos de Coroa
04 - Versão
05 - Vento e Chama
06 - Serafina
07 - Mar de Cata
08 - Costura da Vida  
09 - Mais uma dose de Poesia    
10 - Alma Grande
11 - Estrela Natal    
12 - N'gana Zambi

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Com tambores africanos tocados pelo o grupo de percussão portenho No Chilla e letras e composições de Sérgio Pererê, VIAMÃO propõe o encontro das heranças banto, iorubá e mandinga que se conformaram na América Latina, em uma mistura de sonoridades. O álbum traz em seu nome uma homenagem a um povoado de Rio Manso/MG, localizado a 63km da capital mineira, cujas montanhas serviram de “estúdio ao ar livre” das primeiras gravações, ainda em 2013. Em 2014, as gravações foram finalizadas em Buenos Aires e em Moreno, no interior da Argentina, ao longo de 15 dias de intenso trabalho em conjunto.

NO CHILLA
Criado em 2005, o No Chilla é formado por oito músicos-percussionistas argentinos apostam em uma mistura de tradições e sons contemporâneos. O grupo têm a pesquisa de diferentes caminhos na improvisação e composição sua principal marca.
 
Viamão é um pequeno povoado de Rio Manso, interior de Minas Gerais, distante 63km da capital mineira. Um lugar de cotidiano simples, em contato com a natureza, e local que nos abrigou para as gravações das primeiras faixas do álbum que estamos criando junto com o grupo argentino No Chilla.
Em suas montanhas, com vista para um verde imenso, do jardim de Clarissa, nossa anfitriã, montamos um “estúdio ao ar livre” e varamos a noite. O frio do alto da serra seria combatido com uma fogueira, mas a fumaça mostrou-se danosa demais para a garganta e o fogo teve que ser apagado. Esquentaríamos com a alegria e a empolgação das primeiras trocas. Quatro faixas surgiram ali: Peixe Pescador, Carolina de Oiá, Serpenteia e Filhos de Odé.
Amanhecendo o dia, uma vizinha chegou à porta: “escutei vocês a noite inteira…”. À frase seguiu-se um silêncio constrangedor quebrado pelo complemento: “que maravilha!”. Nas montanhas nascia o álbum Viamão, que no nome homenageia o lugar, o acolhimento, os encontros, a amizade e os vizinhos que abriram mão do sono para nos escutar.


Para finalizar o álbum que estamos fazendo em conjunto com o grupo argentino No Chilla, seguimos para Buenos Aires logo no comecinho do ano, para intensos dias de trabalho em conjunto. Na capital argentina, rolou oficina Batrata no Vicente El Absurdo e no El Aboroto. Os dois lugares também abrigaram os primeiros shows do projeto, um teste para as músicas apresentadas ineditamente. A leitura latino americana das heranças banto, iorubá e mandinga, marca de Viamão, arrebatou os hermanos.
Oito faixas, no entanto, ainda precisavam ser gravadas e fomos nos refugiar em uma chácara em Moreno, cidade próxima à capital. À tranquilidade e beleza do local somou-se a hospitalidade de seus donos, o casal Carlos e Lídia, pais de Marcelo, integrante do No Chilla (impossível não lembrar de casa, de Minas, da famosa hospitalidade mineira).
As gravações começaram no sábado à tarde. Quem estava de fora, notava um clima um pouco apreensivo, com as primeiras músicas sendo repetidas várias vezes. A principal preocupação era com o tempo disponível. Um final de semana seria suficiente para tanto trabalho? Era a pergunta que parecia ser feita apenas no pé de ouvido.
Uma vez acertado o tom, no entanto, a música fluiu, aconteceu.
Alguns choraram, se derramaram. Nos intervalos, mate, café, empanadas, vinho e a bateria era recarregada para mais música, música nova, generosa sintonia, sábias decisões. “Por duas vezes eu parei e pensei como estava feliz!”, disse Covre.
A amizade e a generosidade geraram, por fim, Viamão.

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CANTO SAGRADO 

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