Depois de Choros de Godofredo, no qual passeia pela obra do avô “chorão”, Gabriel traz à tona a produção autoral, dando-se ao luxo de reunir os principais artífices do Clube da Esquina na faixa Estrela cadente. Além do pai, Beto Guedes, estão nos vocais da canção Milton Nascimento, Lô Borges, Flávio Venturini, Toninho Horta e Tavinho Moura. “O disco inteiro é uma homenagem ao clube”, avisa, dizendo-se “desaforado” ao cantar com um time de estrelas fazendo coro para ele.
A música chegou cedo na vida do filho de Beto Guedes. “As primeiras lembranças que tenho são de meus pais ouvindo Beatles e Clube da Esquina, quando eu tinha 7 anos”, recorda. Já naquela fase, gostava de dedilhar um cuatro venezuelano, instrumento de cordas semelhante ao cavaquinho. Aos 10 anos, Gabriel começou a se interessar pelo violão. O contrarregra de seu pai, Patu Hendrix, ensinou-lhe os primeiros acordes. Atraído pelo rock, três anos depois, ele passou a integrar, como guitarrista, uma banda cover dos Ramones, fazendo o primeiro show na antiga Capitão Caverna, na Savassi.
Aos 18 anos, diz ter sido atingido por “um raio”, ao ouvir pela primeira vez o Brandenburg concerto nº 3, de Johann Sebastian Bach. “Comecei a atinar para a pesquisa da música de orquestra”, que acabaria por chegar a bandas de rock como Yes e Genesis, com a qual mais se identificou. Aos 21 anos, nada mais óbvio, portanto, que criasse a banda Limbo, de rock progressivo, com a qual fez longa temporada na noite (extinto Mister Beef) belo-horizontina. “Naquele período, além da guitarra, estudava piano, saxofone e flauta em casa, estava começando a descobrir os instrumentos”, diz.
Despertar para a música do avô seria o próximo passo de Gabriel, que, ao descobrir partituras de Godofredo Guedes, trocou o violão de 12 cordas pelo bandolim. Montou um trio para tocar na noite. “Foi uma escola”, reconhece. No fundo, ele se acha um “oportunista vagabundo”. “Era para estudar mais arranjos de corda”, confessa.
Hoje, Gabriel sabe muito bem o que quer da música, que não é nada mirabolante ou espetacular. “O disco que estou lançando é a síntese de todo o trabalho”, acredita o músico, que, além de cantar, toca piano, guitarras, baixo, marimba, moog, rhoads, violão 12, órgão e bateria e outros instrumentos. Trata-se, de acordo com ele, do produto de mais de uma década de trabalho de composição.
Longe de se considerar um autor, Gabriel crê que a herança musical foi uma árvore que frutificou naturalmente em sua vida. “O Clube da Esquina é a referência”, assume o artista, dizendo que fez o novo disco para ele mesmo escutar, tomando vinho. “Não tenho pretensão de ser uma promessa do Clube, que sempre foi e será minha referência maior.”
*por Ailton Magioli - EM Cultura
01 – Rumbha – Gabriel Guedes
02 – Valsa Mineira – Gabriel Guedes
03 – Vinheta 2 – Gabriel Guedes
04 – Para as Águas – Gabriel Guedes
05 – Júlia – Gabriel Guedes
06 – Lira – Gabriel Guedes
07 – Nina – Gabriel Guedes
08 – Vinheta Meninas – Gabriel Guedes
09 – Estrela Cadente – Gabriel Guedes
10 – Bituquebach – Gabriel Guedes
11 – Vinheta 1 – Gabriel Guedes
12 – Poente – Gabriel Guedes
13 – Countless Days – Gabriel Guedes e Jasmin Godoy
14 – Veraneiro – Gabriel Guedes e Daniel Romano
15 – Prelúdio em G – J. S. Bach
Se vc gostou adquiri o original, valorize a obra do artista.
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CANTO SAGRADO
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