Quando o fã fica ao lado do ídolo.
"É como tocar com os Beatles, diz Samuel Rosa "
Depois de anos de parceria, Samuel Rosa e Lô Borges resolveram registrar o encontro no palco em um DVD.
De gerações diferentes, os dois cantores de Minas Gerais uniram seus clássicos num setlist que vai de Dois Rios a O Trem Azul, com espaço ainda para canções inéditas da dupla tipicamente mineira.
Samuel Rosa falou sobre o projeto
com Lô Borges e a emoção de subir ao palco com o ídolo que virou o amigo
da cervejinha do bar preferido de Belo Horizonte. Para o vocalista do
Skank, o DVD representa um resgate à música de qualidade, na contramão
do que faz sucesso atualmente.
— A gente quer celebrar a música no momento em que menos se faz isso, com as músicas iguais que tocam na rádio. Essa música fastfood já
foi tão melhor. Na minha opinião, a música das rádios anda tão ruim. É
um sentido contrário. Queremos celebrar a música e resgatar a paixão
pela música.
Antes de ser parceiro de estúdio e composição de Lô Borges, Samuel Rosa
já o admirava há muito tempo. O cantor conheceu o trabalho do Clube da
Esquina em sua casa pelo rádio do pai e, com o passar do tempo, se
encantou pela música dele e adotou o cantor e compositor como seu maior
ídolo, acompanhando shows e a carreira dele de perto.
— O Lô era um cara que simbolizava a possibilidade real de uma carreira
musical. Quem está fora circuito São Paulo e Rio de Janeiro, se sente um
pouco marginalizado, alienado do que realmente acontece no Brasil.
Hoje, menos do que há 20, 30 anos. A gente pensava: "será que é possível
fazer sucesso não estando no Rio ou São Paulo?". Ele era a prova de que
era possível. Ele continuava morando em Belo Horizonte e fazendo
sucesso. Imagina o que é subir ao palco com ele depois disso tudo? Vez
ou outra, me pego no meio de um clássico dele, como O Trem Azul,
e me pego me lembrando da minha infância. Meu pai escutava isso. Estou
ao lado do cara que fez essa música. É um peso muito grande.
Mesmo de gerações diferentes, Samuel Rosa e Lô Borges cantam Minas
Gerais com a mesma paixão e boemia típica do belo-horizontino, encantado
pelas ladeiras e bares de esquina da cidade. Os dois se esbarraram
quando o cantor do Clube da Esquina gravou uma música do Skank,
aproximando os dois até então separados.
— Foi muito bacana, mesmo sendo de parte de outra geração de Belo
Horizonte,ver o Lô quebrando esse gelo. Na época, as pessoas criticavam a
música que a gente fazia e outras bandas novas faziam por serem
diferentes de Milton ou do Clube da Esquina. Interpretei como um aceno
ao nosso trabalho ele ter gravado uma música do Skank, acabando com essa
distância entre as gerações. Pra mim, foi motivo de orgulho.
Nestes mais de 13 anos de parceria, Samuel Rosa e Lô Borges compuseram
muitos sucessos e encontraram a sintonia perfeita para registrar esse
encontro num DVD. "O projeto tomou corpo", ponderou o vocalista do
Skank, que segue em turnê com a banda ao mesmo tempo em que toca os
shows com Lô.
— Estes projetos paralelos que cada um da banda tem trazem benefícios
para o Skank, é saudável para a nossa música. O meu encontro com o Lô e
com a composição dele contribuíram muito para a minha evolução, para o
meu crescimento musical. Eu sempre acreditei no encontro dentro da
música. A prova disso é que estou numa banda até hoje, já compus música
com muita gente. É nesses encontros que a gente faz as melhores coisas,
que a gente anda e evolui.
Os dois compositores levam seus sucessos para o restante do
Brasil numa turnê. Para Samuel Rosa, os fãs podem esperar um show à
altura da fama e do sucesso deles.
— Os fãs podem esperar o básico, que deveria ser uma condição imperativa
em qualquer projeto musical: muito envolvimento, muita entrega, muito
comprometimento. Estamos felizes em compartilhar com as pessoas a nossa
música, duas pessoas fazendo o que querem fazer. É tudo pela música,
pela mais autêntica paixão e amor pela música. Isso deveria ser a
condição básica para qualquer artista. Infelizmente, não é assim hoje em
dia. Até no Skank, que tem 20 anos, a gente cuida para eu consiga
preservar a paixão pela música. Observar essa condição que é necessária
para não transformar a banda um show de Las Vegas, sabe? Duas vezes por
dia, uma coisa totalmente mecânica, totalmente ensaiada e só por
business. O nosso projeto é a antítese disso tudo.
Se vc gostou adquiri o original, valorize a obra do artista.
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