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segunda-feira, 15 de abril de 2019

PAULA SANTORO E DUO TAUFIC - TUDO SERÁ COMO ANTES


Como uma espécie de profecia, o título da canção "Nada será como antes" cravava que o álbum "Clube da Esquina", de Milton Nascimento e Lô Borges, em 1972, seria um verdadeiro divisor de águas na história da música brasileira.

Seis anos depois, em 1978, a parceria de Milton, compositor já consagrado e cantor com voz inconfundível, com o jovem Lô, se repetiria com um novo álbum duplo -- o "Clube da Esquina 2", e foi responsável por consolidar o Clube da Esquina como movimento musical, uma vez que abarcou canções de compositores parceiros como Flávio Venturini, Beto Guedes, Toninho Horta e Tavinho Moura.
Para comemorar os 40 anos desse segundo álbum, a cantora mineira Paula Santoro e o Duo Taufic, formado pelos irmãos potiguares Roberto (violão) e Eduardo Taufic (piano) fazem um tributo ao mais importante movimento da musica popular brasileira.
Gravado no início de 2018 no Rio de Janeiro, o disco é uma homenagem afetiva ao legado da música mineira e mescla versões de sucessos como "Travessia" e "Sal da terra" e releituras de canções "lado B" dos membros do movimento como "Nuvem cigana" e "Reis e rainhas do maracatu".

O álbum traz, ainda, a faixa inédita que dá título ao disco, "Tudo será como antes", composta pelo Duo Taufic, com letra de Nelson Ângelo, que presta uma homenagem a esse movimento musical que, assim como os sonhos, jamais envelheceu. "É uma brincadeira com "Nada será como antes" e que celebra a obra desses compositores que é eterna", afirma Eduardo Taufic.

O disco traz, ainda, músicas de outros "sócios" do clube como Beto Guedes ("Tesouro da juventude"), Flávio Venturini ("Nascente") e Toninho Horta ("Durango kid"), além de canções que, segundo Paula Santoro, possuem letras com "cunho político" como "Canto latino" e "Notícias do Brasil". "O refrão diz: "Ficar de frente para o mar, de costas pro Brasil não vai fazer desse lugar um bom país". Parece que foi escrita hoje e precisa ser dita. Se os artistas não falarem, quem vai falar?", indaga a cantora. 

Eduardo Taufic afirma que o desafio de escolher que músicas que entrariam no disco só não foi menor do que o de conceber os arranjos, no formato inusitado e minimalista de piano e violão, acrescentando tempero de ritmos nordestinos, mas preservando os sabores harmônicas e melódicos típicos da música mineira. "A gente se aventurou em trazer uma linguagem moderna, livre e até arriscada -- com improvisos --, mas que não desconfigurasse a obra original, que é um capítulo da música brasileira carregado de muita emoção", defende.

Radicada no Rio de Janeiro há mais de uma década, Paula Santoro comenta que a ideia de lançar um disco em homenagem à música de sua terra natal, mais especificamente do bairro de Santa Tereza, começou a ganhar forma em 2012, quando ela idealizou o show "Novas esquinas", em homenagem aos 40 anos do "Clube da Esquina [1]", dividindo o palco com ídolos como Toninho Horta, Lô Borges, Tavinho Moura e Flávio Venturini e compositores mineiros da nova geração como Antonio Loureiro, Vitor Santana e Kadu Vianna. "Há muitos anos eu tinha vontade de fazer um disco em homenagem ao Clube da Esquina. Ouço desde que estava na barriga da minha mãe. É a minha maior influência", comenta.

A parceria com os irmãos instrumentistas, por sua vez, nasceu da afinidade musical imediata descoberta ao acaso, durante o Festival de Jazz de Jericoacoara, no Ceará. Desde então, o projeto foi amadurecendo em conversas pela internet até um novo encontro, também fruto do acaso. "Minha irmã é professora universitária e mora em Natal (RN). Fui visitá-la e aproveitei para me reencontrar com eles. Tocamos juntos e rolou uma interação musical incrível, uma empatia musical muito imediata".

Eduardo Taufic comenta que, apesar da formação pouco comum na música instrumental, o duo de piano e violão formado há dez anos ao lado do irmão é caracterizado pelas "perguntas e respostas" que criam um diálogo musical espontâneo. "São instrumentos completos e é muito fácil brigar. Mas tanto eu quanto o Roberto, quando tocamos, tentamos pensar como arranjadores de duas orquestras", afirma, admitindo a crença de que os laços sanguíneos potencializam ainda mais essa interação espontânea.

Dez anos mais jovem que Roberto, Eduardo revela que a música do Clube da Esquina habita sua casa desde a infância, trazendo à tona todas as memórias afetivas do irmão violonista, que há 30 anos saiu de casa para morar na Itália, onde vive até hoje. "Era um disco que ele ouvia e eu ouvia de reflexo. Meu crescimento sempre foi me espelhando nele, não só por ser meu irmão, mas por ser meu ídolo, como é até hoje", completa.      * Felipe Shikama  jornal cruzeiro

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CANTO SAGRADO

Um comentário:

  1. Meu Caro,
    Cada vez que entro no seu site, vem uma ameaça de vírus identificada.
    Alguém ja lhe informou sobre isso ?
    Abraço, Sergio

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