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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

RICARDO FREI - FORA DA ASA



“Poesia é voar fora da asa”, disse o célebre poeta mato-grossense Manoel de Barros – uma das grandes inspirações de Ricardo Frei, cantor, poeta e compositor mineiro. Com participações de Sérgio Santos, Paula Santoro, Luiz Gabriel Lopes, entre outros, o álbum “Fora da Asa” marca uma nova fase da trajetória de Frei, que acaba de encontrar sua “batida perfeita” após dois anos de muito trabalho.
“Esse é o primeiro disco em que consegui trabalhar formato e conteúdo que sempre sonhei. Diria que é um disco de inteira responsabilidade minha”, ressalta o artista, que já gravou outros dois álbuns com os grupos Sambalaio, em 1996, e com o projeto Aparelho, em 2006. “Essas experiências foram laboratórios para chegar ao resultado de ‘Fora da Asa’, que demorou dois anos para ser finalizado”, conta Ricardo Frei.
As dez faixas do álbum incorporam à canção popular brasileiro elementos sonoros e poéticos dos mais diversos. “Essas misturas fazem parte da nossa tradição. O resultado do disco deixa inequivocamente claro que se trata de música brasileira. Mas, ao mesmo tempo, flerto com o folk, como se vê na faixa-título; com o samba, em ‘Reza’; com a bossa, em ‘Enquanto o Samba Não Vem; além de muitas pitadas de jazz”, explica. “Faço esse encontro de gêneros, mas de uma maneira bem antropofágica. O disco tem uma matriz, que é a canção brasileira, mas dialoga com outras sonoridades. E sempre com atenção na interpretação, fazendo com que a voz seja outro instrumento na hora de compor as músicas”, sublinha o artista.
Ricardo Frei conta que as participações surgiram de forma natural, por questões de afinidade e de proximidade. “Cheguei a esse time por pura afinidade artística. A parceria mais importante foi com a Paula Santoro, que, além de dividir os vocais comigo em ‘Fotografia’, fez a direção de voz do disco. E foi na casa dela, no Rio de Janeiro, que o disco nasceu, de fato. Ela me disse: ‘Você tem um trabalho maduro a ser gravado, não tarde a fazer isso’”, relembra. “Depois, fui atrás de pessoas que admiro, como o Sérgio Santos, que nos concedeu uma música inédita que ele compôs em parceria com o Paulo César Pinheiro. Uma responsabilidade grande”, pontua. “Já o Luiz Gabriel Lopes representa essa nova geração de artistas de Belo Horizonte. Não fossem suas idas e vindas ao exterior, certamente seria ele o produtor do disco”, afirma Frei.
Sobre a influência da poesia no processo de composição, Frei afirma que trata-se de uma característica inerente à sua criação artística. “Meu trabalho musical toma como partida a noção de palavra cantada, de melodia da língua. Me interessa que a poesia fisgue a melodia, tornado-se sonora, cantável”, ressalta. “O que fiz foi pegar esse trabalho poético, inspirado em Manoel de Barros, Paulo Leminski e Arnaldo Antunes, e tratá-lo sonoramente, de forma que dê lugar à palavra”, explica Ricardo Frei.
“O que estou desenvolvendo é uma forma desse voo alcançar outros céus. Espero que ‘Fora da Asa’ esteja inserido nesse furor artístico que Belo Horizonte vive atualmente, mas também quero que ganhe outros ouvidos, que não se apegue a anteparos sonoros que possam impedir novos voos”, conclui o artista mineiro.
(Lucas Buzatti)

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Faixa "cantoria" (postei separado devido problema na ripagem para postagem do disco)
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