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sexta-feira, 4 de abril de 2014

PEREIRA DA VIOLA - VIOLA ÉTICA



"Entre 85 e86 a viola passou a fazer parte da minha vida. Eu sentei no jardim do centro da cidade de Serra dos Aimorés, que é pequenininha. O jardim é gostoso, tinha um banquinho, e eu sentei com a viola. Quando percebi estava tocando Tristeza de Jeca. Foi a primeira música que toquei na viola." 
Pereira da Viola
No dia 16 de agosto de 1962, nasceu em São Julião, pequena comunidade rural do Vale do Murici, norte de Minas Gerais, José Rodrigues Pereira, o Pereira da Viola. Décimo primeiro dos treze filhos de João Preto (José Rodrigues Pereira) e Mãe Augusta (Augusta dos Santos Pereira), Pereira era conhecido em sua família pelo apelido de Zezinho ou Zé Nosso (pois tinha muitos “Josés” na região).
Em sua infância era um menino tímido e, segundo a mãe, chorão. O ambiente em que cresceu era humilde, mas de grande riqueza cultural. “Depois do trabalho na roça, meu pai pegava a sanfoninha de bode, que é a sanfona de oito baixo, e começava a tocar, minha mãe a cantar e a gente a dançar”.
A forte tradução cultural da Região do Vale do Murici também foi determinante na formação de Pereira. Ainda criança, acordava à noite ao som das folias que visitavam sua casa trazendo violas, sanfonas, tambores e muita cantoria.
Encontro de Culturas
Participando do Encontro de Culturas Tradicionais de 2008, Pereira da Viola contou à Agência de Notícias do evento um pouco da sua história. Uma "incelente maravilha", conhecida saudação do artista.
De onde surgiu a paixão pela viola?
Foi uma maneira que encontrei de estar em contato com a minha própria identidade. Saí de casa muito cedo para estudar no Espírito Santo. Na década de 80 fui estudar em Serra dos Aimorés (MG), onde acabei me envolvendo com o movimento cultural. Foi lá também que entrei em contato com a música de Elomar, Rubinho do Vale, Dércio Marques, Doroty Marques, Paulinho Pedra Azul e vários outros artistas que me influenciaram. Logo depois senti uma necessidade de retornar à minha base cultural que é minha própria família. Todo mundo em casa toca e canta. 
Existe alguma influência especial?
Voltei para casa com gravador na mão, anotando tudo, estudando as pessoas da comunidade, em especial minha mãe, a base para minha formação de vida pessoal e musical. A Mãe Augusta (87 anos) canta e dança batuque até hoje. Temos uma Folia de Reis que participo todos os anos.
Como você define seu estilo?
Sou autodidata e isso é importante por que o artista acaba criando uma identidade própria. Mas o estudo é muito necessário, sou favorável à volta do ensino da música nas escolas. Vivêncio todos os ritmos: indianos, clássicos, eruditos, latinos e blues que é, para mim, a "folia norte-americana".
Você é um artista popular que tem sua origem ligada à cultura tradicional. Existe alguma dificuldade de traduzi-la para o palco?
Fazemos batuque, cantigas de roda, contradanças e tentamos trazer a alma destas manifestações. Algumas coisas são difíceis, mas eu sou um artista de palco. Ainda é necessário um bom estudo para levar a cultura tradicional ao palco e manter as características que têm. À medida que vão se apresentando, os próprios artistas adaptam suas artes. As produções também devem criar espaços favoráveis, com outra lógica, onde não haja a diferença tão grande entre o natural e o espetáculo.
Como você vê o desinteresse da mídia com relação à cultura popular?
Não é a visibilidade da mídia que faz a cultura popular sobreviver. É sua própria força que a faz se manter viva de geração em geração. É igual à própria terra, podem até matá-la, mas ela vai sobreviver de outra maneira. Agora percebemos um novo olhar dos gestores públicos para a cultura popular.
Você leva aos seus shows o lado lúdico da música, incluindo as brincadeiras de roda e o público adora. Fale um pouco desta idéia. 
É importante ter acesso à informação. Parte das coisas que levo para o palco vem de um movimento de pessoas ligadas à arte e que têm a brincadeira como forma de expressão, assim como Antonio Nóbrega, Adelsinho, Lydia Ortelio e outros espalhados pelo Brasil. Trago para o palco a brincadeira da vida. Brincar é uma coisa séria. O mundo está muito carrancudo e isso não está levando o ser humano a lugar nenhum. O futuro do homem está condenado com a forma de desenvolvimento que está sendo implementada. Temos que levar a vida com menos seriedade, mais leveza.  Não é fácil, mas é um exercício cotidiano, temos que ser moleques, no bom sentido.

É viola, é batuque, é folia, é reisado. Quarto CD do violeiro e cantador Pereira da Viola, produzido e dirigido pelo próprio artista, tem a participação especial de Inezita Barroso, Paulo Freire e Brás da Viola. É o som singular do toque da viola caipira. Poética de sentir o som da terra e os lampejos da água.
RELAÇÃO DE MÚSICAS:
01 - Cafuzo
02 - Viola Ética
03 - Fuxico
04 - Sonho Morena
05 - Minas da Lua
06 - Menina Flor
07 - Anjos da Terra
08 - Maxixe Liso (Instrumental)
09 - Andarilho
10 - Bicho Calango
11 - A Última Estrela
12 - Tirana da Rosa
13 - Almirante (Instrumental)
14 - Violeiro Trovador
15 - Dona Mariana
16 - Hino Nacional Brasileiro (Instrumental)

BAIXE ESSE CANTO SAGRADO: 

CANTO SAGRADO



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