Inspirado na obra de Guimarães Rosa, o cantor, compositor e violeiro Chico Lobo se juntou ao poeta e escritor Wander Lourenço no CD Sagração (Kuarup), projeto do qual participaram o violoncelista Sérgio Rabello e a violinista Leíse Renhe.
De acordo com Chico Lobo, o trabalho descortina Minas
em uma representação artística que faz a ponte do erudito com a riqueza
da cultura popular e o legado dos cantadores. O disco conta com a
participação do tenor João Di Souza, convidado especial do show desta noite, do compositor Sérgio Santos e das cantoras Simone Guimarães, Bruna Morais e Mariana Nunes.
Lobo
revela que quando a poesia de Lourenço chegou até ele, ficou encantado e
decidiu transformar os poemas em canções. “É como se trilhássemos as
veredas, os cerrados, os chapadões e os igarapés dos sertões de Minas”,
compara. “Todos sabem que vários autores mineiros desenvolvem, há
décadas, um vasto e instigante trabalho musical tendo como base a obra
de Rosa. Comigo não poderia ser diferente.”
Wander Lourenço
compartilha com o violeiro essa paixão. “O poeta é profundo conhecedor
da obra de Guimarães Rosa. Faz letras muito legais que mergulham no
universo desse grande escritor. Ele foi me mandando as letras, fui
fazendo as melodias rapidamente. Foi tudo muito natural. Quando
percebemos, o CD já estava pronto”, diz Chico Lobo.
O disco tem
duas ideias básicas que remetem a temas presentes na obra de Guimarães
Rosa: o amor, enquanto saga, e a religiosidade metafísica. “Ao me
deparar com a religiosidade incrustada nas letras do Lourenço, pensei em
não deixar a viola solitária e acrescentei o cello e o violino. Quis
juntar as linguagens da viola popular e dos instrumentos de orquestra”,
explica Chico. Assim surgiu a ideia de convidar Leíse Renhe, bacharel em
violino pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Sérgio
Rabello, formado em violoncelo pela Escola de Música da UFMG.
“Quando
pensamos em levar Sagração para os palcos, imaginamos projetar, durante
cada música, uma tela do artista plástico Adriano Alves, tudo dentro do
universo de Minas. Ele sabe muito de Guimarães Rosa”, comenta o
violeiro.
Depois de lançar 25 CDs, dois DVDs e um livro, Chico
Lobo considera Sagração o seu álbum mais conceitual. “Esse disco convida
à reflexão e não deixa de passar pelo tema do amor, que é universal. É
um ato de cantoria, da lida na estrada. Pra minha alegria, a Kuarup
acolheu essa ideia. A verdade é que precisamos produzir sempre,
movimentar a roda da cadeia produtiva da música, em vez de reclamar da
crise”, conclui.
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CANTO SAGRADO
Um álbum dos mais maravilhosos não apenas do Chico Lobo, mas de todo o catálogo da Kuarup!
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