foto Gustavo Guimarães |
Da infância em Olhos D’Água, no Vale do Jequitinhonha, o compositor buscou referências para a construção do disco duplo. Uma delas vem inscrita em seu próprio nome. A intenção de seus pais era batizá-lo como Wilson de Jesus Dias. Porém, a escrivã do cartório (e também sua madrinha) teve outra ideia. “Lá no Vale, tínhamos o hábito de registrar mais tarde, então eu mesmo fui fazer o meu registro. Quando falei meu nome, ela disse: ‘Você nasceu em 8 de setembro, no Dia da Natividade, então será chamado de Wilson Nativo de Jesus’”, conta.
Logo que começou sua carreira artística, o violeiro trouxe de volta o sobrenome da mãe, que havia sido suprimido de sua certidão, e adotou como nome artístico Wilson Dias. A única foto existente de dona Terezinha Dias, a mãe do instrumentista, está impressa na capa do disco. Na imagem, ela aparece ao lado do marido, Antônio de Jesus. “Eles não têm nenhum outro retrato, a não ser este. [A impressão na capa] É para que as futuras gerações vejam pelo menos essa herança de onde viemos”, diz.
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Wilson Dias reúne dois discos, um de canções sendo cinco músicas em parceria com o poeta João Evangelista Rodrigues e outro instrumental. É uma espécie de autorretrato, relato de origens e de heranças ou a “cartografia de um preto velho”, como definiu Déa Trancoso na apresentação do álbum. Na capa, a única foto dos pais de Wilson Dias, seu Antônio de Jesus e Dona Terezinha Dias. Por dentro, muitos sentimentos de bem-querer envoltos em melodias e versos.
“Toda a minha relação com a música, todo o meu processo criativo é um exercício de armazenar esses sentimentos sutis. A religiosidade presente na cultura popular também me propicia isso. Eu tenho que estar bem com minha arte porque, só assim, posso oferecer bem-querer”, sintetiza Wilson Dias, o nativo de pai que rezava para curar as pessoas, de mãe com uma fé inabalável.
O CD de canções, quase todas autorais, foi pensado palavra por palavra, reescrito e encaixado para criar sentido entre o passado do compositor e o presente conturbado do País. Vozes especiais foram convidadas para o trabalho: Titane encena a teatral “Punhadim”, Lislie Fiorinni dá leveza à “Maraô”, e Rubinho do Vale, que participa em “Rala Coco”, reforça essa herança cultural do Jequitinhonha, de onde vem também Wilson Dias.
Já o disco instrumental é uma inspiração continuada, que veio das audições de “Mucuta”, outro CD instrumental de Wilson Dias. “Surgiu uma viola de sertão, mas também clássica, com pífanos e rabecas, numa espécie de sintonia com o Movimento Armorial”, relata o autor, referindo-se à iniciativa capitaneada por Ariano Suassuna no Nordeste do Brasil.
Nativo é família na origem e no destino. Wallace Gomes e Pedro Gomes, filhos de Wilson Dias, fazem arranjos e direção musical do trabalho. A outra filha, Ana Tereza, se junta à mãe Nilce Gomes nas rezas. Irmãos e irmãs do violeiro fazem coro, cantam ladainhas. E muitos, muitos amigos tocam instrumentos e emprestam vocais.
*texto http://pulabh.com.br
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CANTO SAGRADO
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