“Sertão, o senhor querendo procurar, nunca encontra.
De repente, por si,
quando a gente não espera,
o sertão vem”.
(Guimarães Rosa)
De repente, por si,
quando a gente não espera,
o sertão vem”.
(Guimarães Rosa)
Retirado de Paragon Brasil
Considerado por muitos o melhor violeiro instrumental do mundo, Renato Andrade,
nasceu no dia 28 de agosto de 1932, na
cidade de Abaeté (MG) 28/8/1932 Abaeté, e foi para o Rio de Janeiro na
década de 1970, iniciando a carreira artística já com 36 anos de idade
quando musicou e participou como codjuvante do filme “Corpo fechado”, de
Schubert Magalhães. Apresentou-se interpretando concertos de Edino
Krieger, Guerra-Peixe e Francisco Mignone. Em 1977, lançou seu primeiro
disco solo “A fantástica viola de Renato Andrade”, no qual interpretou,
de sua autoria, as obras “Seriema no campo”, “Prelúdio da inhuma”,
“Literatura do cordel”, “Sagarana”, “Bailado catrumano”, “Sinhá e o
diabo”, “Relógio da fazenda”, “Viola e suas variações”, “Folia de Reis”,
“O jeca na estrada”, “Mutirão”, “Casamento na roça”, “Amor caipira”, e
“Corpo fechado”.
Sua técnica dominava diferentes afinações da
viola caipira, como o cebolão (a mais comum), a rio abaixo e a de
guitarra. Apresentou-se em shows em todo o Brasil e também realizou
diversas turnês em outros países. Em 1979, lançou o LP “Viola de
Queluz”, que assim como o primeiro disco, também saiu pela Chantecler.
Nesse LP, interpretou “Viola de cego”, “Ballet na roça”, “O
capangueiro”, “Viola de Queluz”, “Moto perpétuo caipira”, ” Urupês”,
“Senhores da terra”, e “Raízes ibéricas”, todas de sua autoria, além de
“Veredas mortas”, com Tupy, e as clássicas “Tristezas do jeca”, de
Angelino de Oliveira, e “Luar do sertão”, de Catullo da Paixão Cearense.
São diversos os projetos culturais e musicais de que participou, como o
“Instrumental no CCBB”, que foi registrado em CD e outros, pelo SESC,
como o “Violeiros do Brasil”, em que se apresentou em diversas cidades
brasileiras, ao lado de Roberto Corrêa, Almir Sater, Braz da Viola,
entre outros.
Em 1984, lançou pelo selo Bemol o LP “O
violeiro e o grande sertão: A viola que vi e ouvi” no qual interpretou
13 composições de sua autoria: “Fogueiras”, “Cabaré do João Baixinho”,
“Sinhô violeiro”, “Canto da inhuma”, “Quatragem”, “Idéias de matuto”,
“Tutameia”, “Noite de São João”, “Terno de dançantes”, “O demônio e a
donzela”, “Grande sertão”, “O lenhador”, e “Juquinha meu cumpadre”, além
de “A viola e sua origem”, de domínio público. Em 1987, de volta a
Chantecler lançou o LP “A magia da viola”, no qual interpretou as obras
“Reizados e congadas”, “Viola de beira de fogo”, “Sarapalha”, “Meu
abraço a Portugal”, “Brincando com os harmônicos”, “Ponteado caipira”,
“Sertões”, “Retirada da inhuma”, “Viola bem temperada”, “Sapateado”, e
“O vôo da perdiz”, todas de sua autoria, além de “Raízes fronteiriças”,
parceria com Tupy. Em 1993, gravou ao vivo, no CCBB, com Roberto
Correia, o disco “Instrumental no CCBB” no qual foram interpretadas
obras suas como “Meu abraço a Portugal”, “Folias de rei”, “Mariazinha
foi-se embora”, “Viola bruja”, “Lembrando Tião Carreiro”, “Batata doce”,
“Zabaleta no sertão”, “Mãos independentes”, e “Amor cigano”, de sua
autoria com Arlindo Pinto, além de obras de Roberto Corrêa como “Peleja
de siriema com cobra”, “Jararaca chateadeira”, “Baião do pé rachado”,
“Antiqüera”, “Mazurca pantaneira”, e “Araponga isprivitada”, e também
clássicos da música sertaneja como “Chalana”, de Mário Zan, “Saudade de
Matão”, de A. Silva, J. Galati e Raul Torres, e “Pagode em Brasília”, de
Teddy Vieira e Lourival dos Santos, além de “Luar do sertão”, de
Catullo da Paixão Cearense, “Prenda minha”, de domínio público, “Asa
branca”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, e “Trenzinho do caipira”,
de Villa Lobos.
Participou do CD “Violeiros do Brasil, com a
faixa “O canto da siriema”, de sua autoria. O disco foi gravado ao vivo
no Teatro do Sesc Pompéia, entre agosto e setembro de 1997 e lançado em
junho de 1998, pelo SESC-Núcleo Contemporâneo. Em outubro de 2004, o CD
foi relançado. A edição apresenta importantes artistas da viola caipira
das várias regiões do Brasil, entre os quais, Almir Sater, Zé Gomes,
Renato Andrade, Roberto Corrêa, Paulo Freire, Ivan Vilela, Pereira da
Viola, Josias Dos Santos, Angelino de Oliveira, Renato Andrade, Tavinho
Moura, Heitor Villa-lobos, Zé Mulato e Cassiano e Zé Coco do Riachão. O
projeto foi idealizado pela produtora Myriam Taubkin e a gravação do
disco foi sugerida pelo músico e produtor Benjamim Taubkin. Em 1999,
lançou aquele que seria seu penúltimo disco solo, o CD “A viola e minha
gente” no qual interpretou de sua autoria as canções “Renato e o
Satanás”, “Ponta porã”, “Mané pelado”, “Música do coronel”, “Cabras e
caatingas”, “Capiau “Beira-Córgo”, “Rojão da Pracidina”, “Açores”,
“Inhuma do sertão”, “Casebre”, “Violinha de bambu”, “Sentado no pilão”,
“Dia de reis”, “Bordel de povoado”, “Minha gente”, e “Viola para
meditação”, além de “Cerrados”, parceria com João José da Silva.
Em 2002, lançou seu último disco solo,
“Enfia a viola no saco”. Participou em 2004, da coletânea “Os bambas da
viola”, lançada pela Kuarup, que reuniu num CD 6 renomados violeiros,
para representar a viola das regiões do Brasil, além dele, o CD traz
Roberto Corrêa, Almir Sater, Helena Meirelles, Haroldo do Monte e Chico
Lobo. Nesse disco, interporetou tocando viola com João José da Silva ao
violão as músicas “Música do coronel” e “Ponta Porã”, e tocando viola
com Roberto Dimatus ao violão, a composição “Os ciganos”, de sua
autoria. Ainda no final de 2004, participou do projeto Violas do Brasil,
apresentando-se no Teatro II do CCBB, em alternância com outros quatro
mestres do instrumento: Pena Branca, Chico Lobo, Almir Sater e Roberto
Corrêa. Foi professor de nomes como Milton Nascimento, Fafá de Belém e
Flávio Venturini. Uma de suas últimas apresentações foi nos shows de
encerramento da eliminatória do Prêmio Syngenta de Música em Belo
Horizonte.
Considerado como “O Guimarães Rosa da
viola”, faleceu de câncer no pulmão aos 73 anos de idade deixando uma
vasta e admirada obra. Desde muito cedo, dedicou-se à musica, indo para
Belo Horizonte , estudar violino com o mestre Flausino Rodrigues Vale.
Mais tarde, de volta à sua cidade natal, ao entrar em contato mais
atento com a viola caipira, tornou-se fascinado pela sua sonoridade.
Deixando o violino de lado, passou a se dedicar integralmente à viola,
desenvolvendo apurada técnica e tornando-se um virtuose do instrumento.
Sendo excelente intérprete de compositores eruditos, ficou conhecido
como o instrumentista que levou a viola para a sala de concertos.
Seu virtuosismo e seu vasto conhecimento
técnico e musical mesclavam-se à simplicidade da sonoridade da roça às
melodias simples, fazendo surgir verdadeiras sinfonias caipiras. É
considerado por muitos um dos maiores mestres da Viola Caipira
instrumental do mundo.
Faleceu no dia 30 de dezembro de 2005 em Abaete, junto de seus familiares.
OBRAS
Açores • Amor caipira • Amor cigano (c/ Arlindo Pinto) • Bailado
catrumano • Ballet na roça • Batata doce • Bordel de povoado • Brincando
com os harmônicos • Cabaré do João Baixinho • Cabras e caatingas •
Canto da inhuma • Capiau “Beira-Córgo” • Casamento na roça • Casebre •
Cerrados (c/ João José da Silva) • Corpo fechado • Dia de reis •
Fogueiras • Folia de Reis • Grande sertão • Idéias de matuto • Inhuma do
sertão • Juquinha meu cumpadre • Lembrando Tião Carreiro • Literatura
do cordel • Mané pelado • Mãos independentes • Mariazinha foi-se embora •
Meu abraço a Portugal • Minha gente • Moto perpétuo caipira • Música do
coronel • Mutirão • Noite de São João • O capangueiro • O demônio e a
donzela • O jeca na estrada • O lenhador • O vôo da perdiz • Os ciganos •
Paineiras • Ponta porã • Ponteado caipira • Prelúdio da inhuma •
Quatragem • Raízes fronteiriças (c/ Tupi) • Raízes ibéricas • Reizados e
congadas • Relógio da fazenda • Renato e o Satanás • Retirada da inhuma
• Rojão da Pracidina • Sagarana • Sapateado • Sarapalha • Senhores da
terra • Sentado no pilão • Seriema no campo • Sertões • Sinhá e o diabo •
Sinhô violeiro • Terno de dançantes • Tutameia • Urupês • Veredas
mortas (c/ Tupy) • Viola bem temperada • Viola bruja • Viola de beira de
fogo • Viola de cego • Viola de Queluz • Viola e suas variações • Viola
para meditação • Violinha de bambu • Zabaleta no sertão
DISCOGRAFIA
• A Fantástica viola de Renato Andrade (1977) Chantecler LP• Viola de Queluz (1979) Chantecler LP
• O Violeiro e o Grande Sertão (1984) Bemol LP
• A magia da viola (1987) Chantecler LP
• Instrumental no CCBB- Renato Andrade e Roberto Corrêa (1993) Tom Brasil CD
• Violeiros do Brasil (1998) SESC-Núcleo Contemprâneo CD
• A viola e a minha gente (1999) Lapa Discos CD
• Enfia a viola no saco (2002) CD
• Violeiros do Brasil (2004) CD
• Os Bambas da Viola (2004) Kuarup CD
Nenhum comentário:
Postar um comentário