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domingo, 19 de abril de 2015

TONINHO CAFÉ - VITORIA REGIA (exclusividade canto sagrado)

A notícia não é tão recente, mas só chegou ao meu conhecimento por esses dias. Morreu o cantor e compositor mineiro Toninho Café, em dezembro (2011) na França, onde morava desde o início da década de 80. Segundo contam, Café teria cometido o suicídio. Contudo, nada se sabe sobre seu sepultamento, nem as razões que o teriam levado a apelar para o chamado “extremo gesto”. O artista deixou um disco antológico, lançado pela Continental (1978) e mais dois ou três compactos (com duas canções cada). Mas registrou seu talento como compositor, vocalista e instrumentista, participando de dezenas de gravações, a exemplo do álbum Baiano e os Novos Caetanos, de Chico Anysio e Arnaud Rodrigues.
Nascido Antonio Carlos de Jesus, em Belo Horizonte (1950), Toninho Café veio para o Rio em 1971, buscando dar sequência à carreira musical, iniciada em sua terra. No então Estado da Guanabara, tornou-se cantor da noite, atuando na extinta Boate Drink. Pra garantir a sobrevivência, foi exercer uma atividade burocrática no clube Botafogo, na Rua General Severiano. Entre o clube e a boate, o violão – seu principal parceiro na composição de canções que, em breve, seriam mostradas ao público carioca.
Em 1973, juntou-se à banda Massa Experiência (Aldemir Duval, baixo; Paulo Romário, piano; Marçal, guitarra; Gigante, percussão; e Roberto, bateria), galera de Caxias que já começava a se apresentar nos circuitos alternativos do Rio. Com a Massa, Toninho Café fez shows memoráveis nos teatros Tereza Rachel, Cachimbo da Paz, Opinião e João Caetano, no Rio, além do Teatro Marília, em BH. Lembro-me que suas músicas, carregadas de certa mineirice, causavam impacto. As letras falavam de Ouro Preto e “licor de pequi”, mas também de “pax armata, oposta misere in nobis mundi” (Voândola, dele e Mário Margutti). Já nesse tempo, sua voz era inconfundível, interpretação marcante e as canções tinham a sua cara.
O passo seguinte foi sua parceria com Arnaud Rodrigues, humorista já bastante popular à época, que pretendia se lançar também como cantor. Juntos fizeram várias músicas, sendo que uma delas, Nega, foi o carro chefe do disco, lançado em 1974. A Aranha, outra composição deles, foi sucesso na voz de Vanusa, pouco depois.
A fim de se preparar pra fazer aquele que viria a ser seu disco definitivo, Toninho Café veio se refugiar em Caxias, indo morar na casa de um de seus parceiros, o baixista Aldemir Duval – Vila São José. Ali, compôs sozinho Chapéu de Palha Viola e Navalha; com Aldemir, Ao São Francisco; com Mário Margutti, Espadas Cruzadas; e, entre outras, Oremos, que no disco virou uma obra prima, com o nome de Vitória Régia e letra do Margutti.
O disco saiu em 1978, pela gravadora Continental, que já estava pelas tabelas desde a dissolução do Secos e Molhados, poucos anos antes. Sem a divulgação merecida, a crítica pouco se pronunciou e das únicas rádios que tocavam alguma das músicas era a JB/AM. Mesmo assim foi um trabalho primoroso, desde a capa aos arranjos. Estão ali o compositor mais amadurecido, o intérprete seguro e a criatividade que orientou toda a produção do trabalho.
No início da década de 80, Toninho Café foi pra França. Desde então, só o revi uma vez, durante uma manifestação pública no centro do Rio. Estava de passagem. Voltaria à Europa dali a alguns dias. Chegara a gravar algumas coisas por lá, como CD Le Top du Brésil , do qual participa com 2 composições, vocais e violões.
Vários anos mais tarde, um amigo comum que viera daquelas bandas, contou que o cantor tinha se envolvido com movimento de drogas e que se achava preso, num presídio francês. Da última vez que tive notícias, ele já estava em liberdade, só que já não compunha ou cantava, mas agenciava um grupo de artistas que viajavam pelo interior da França. Agora, fico sabendo que Toninho Café se foi. Deve se juntar a Marçal, Roberto, Paulo Romário e Gigante, seus antigos companheiros da Massa Experiência, que também já foram, e o show recomeça. Até porque, não vejo nenhum sentido se não for assim.
(texto de Eldemar de sousa)


espadas cruzadas
ao são francisco
estrela do silencio
chapéu de palha, viola e navalha
memorando
bruxuleio
vitória régia
fogo branco
suite joão de barro obra e graça
macho e fêmea
asas e bandeiras
o fim
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