Encontrar identidade artística e estilo próprios são alguns dos desafios de Renato Savassi em sua carreira solo. Ele acaba de lançar o álbum independente Devir e explica que o título significa vir a ser – um movimento constante de transformação.
Depois de 20 anos de estrada como multi-instrumentista, cantor e compositor, especialmente como integrante da banda Cálix, Savassi mandou para as plataformas digitais um disco de canções. O primeiro, Trilhas imaginárias, foi lançado em 2008.
“Costumo dizer que Devir é meu segundo disco solo,
mas o primeiro de canções. São músicas que fui acumulando nos últimos
15 anos. Tem composições mais antigas, mas há outras mais recentes.
Comecei a gravá-lo em 2016, quando participei do Descentra Cultura,
projeto promovido pela Prefeitura de Belo Horizonte. Cheguei a fazer
cinco shows com o repertório desse disco.”
O
projeto foi paralisado por algum tempo. “No início de 2017, músicos
convidados gravaram bateria e baixo, mas o disco ficou parado. Em 2019,
cheguei a gravar alguns violões e bases, tudo em minha casa mesmo, mas
quando veio a pandemia, realmente peguei o negócio, pois vi uma
oportunidade com o confinamento. Gravei toda a minha parte em casa,
assim como os convidados. Foi um processo interessante.”
O repertório traz várias sonoridades. “É um disco variado. A
primeira faixa puxa para o lado da salsa, um ritmo mais latino. Mas a
segunda já vai mais para o lado do reggae. É álbum de canções, com uma
ou outra música puxando para o progressivo. Poderia classificá-lo como
um disco folk, pois não tem guitarras, mas instrumentos acústicos, como
violão e bandolim.”
O novo álbum de Savassi se
abriu para o mundo. “Gravei só violão de aço, porém o amigo Guilherme
Rancanti, que mixou e também participou do disco, garante que o estilo é
world music. Acredito que tenha mesmo um pouco disso sim, estilo de que
gosto muito, com instrumentos diferentes”, afirma.
Em tantos anos de carreira, Savassi conta que sempre buscou
encontrar o seu próprio estilo, o grande desafio de todos os artistas.
“A verdade artística é um eterno vir a ser, uma vez que o resultado de
cada trabalho acompanha o momento de vida e a visão de mundo nos quais o
artista está inserido. Então, o título Devir deixa claro que o álbum é a
fotografia de uma época e de alguém que está em constante busca e
transformação”, diz o mineiro.
O álbum tem 11
canções autorais, sendo três parcerias: Sim senhor, com Sânzio Brandão;
Reflexões de um guerreiro, com Marcelo Cioglia, ambos integrantes da
banda Cálix; e Old blind man, com o norte-americano Christian Kale.
O repertório vai do folk acústico, com elementos de world music, à
MPB e rock. Com uma curiosidade: é um álbum sem guitarras. “Embora o
disco apresente algumas músicas compostas há mais de 10 anos e outras
criadas há menos de um ano, ele tem unidade, um quase conceito por meio
da temática central desenvolvida nas letras: o dilema existencial entre
viver aquilo que se deseja e expressar livremente o seu ser mais
profundo em contraposição ao desejo de se adaptar socialmente e ser
aceito pelo outro”, explica Savassi. “Meu trabalho como psicólogo
clínico favoreceu e inspirou as letras das músicas, uma vez que são
temáticas inerentes ao ofício”, acrescenta o músico.
Participam
de Devir Raphael Rocha (teclados), Marcelo Cioglia (vocais), Maurício
Ribeiro (violões e vocais), o cubano Ernesto Urra (vocais), Leo Dias
(marimba de vidro), Rodrigo Garcia (violoncelo) e Guilherme Rancanti
(vocais e teclados).
Savassi destaca uma
convidada especial: a instrumentista, cantora e compositora Nath
Rodrigues (voz e violino), na faixa Regue. “Sem dúvida, ela trouxe
grande charme à canção e ao álbum”, conclui.
Estado Minas
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