As raízes familiares de Tânia Braz vêm do interior dos estados de
Minas Gerais e São Paulo, onde seus antepassados fazendeiros plantavam
café e criavam gado. Percalços da economia nacional e os rumos
tortuosos do destino fizeram com que o patrimônio da família se
dissipasse.
Contam que sua avó paterna, Da. Rita, já migrada para a
capital, morava numa pequena casa, rodeada pelos dez filhos para quem
gostava de tocar o violão e cantar, enquanto o marido declamava versos.
Uma
geração depois, os vizinhos paravam ao pé da cerca para ouvir Da.
Terezinha, a mãe de Tânia, cantar no quintal da casinha da Rua
Marambaia em Belo Horizonte, onde seus pais iniciaram a vida de
casados. Na realidade, exceto por uma tia avó que fora conhecida
artista de teatro nos anos 40, as condições de vida não permitiram que
florescesse qualquer possível veia artística da família.
Da. Terezinha faleceu muito jovem, deixando os três filhos pequenos.
Salvo esse triste episódio, Tânia teve uma infância tranqüila. Foi
menina comportada e obediente. Na escola, sempre uma das primeiras da
classe. Ela e seus dois irmãos mais novos, Dito e Sidney, cresceram
vendo o exemplo do Sr. Expedito, pai muito amoroso e exigente,
trabalhando duro para sustentar a família e conquistar segurança
financeira.
Ao longo de sua vida, Tânia Braz sempre se interessou em estar próxima da arte de alguma maneira.
Na
adolescência, estudou violão clássico e, mais tarde, teoria musical,
canto lírico e expressão corporal na Scholla Cantorum do Palácio das
Artes.
Freqüentou cursos livres de teatro na Oficina da PUC –
Pontifícia Universidade Católica de MG, com direção de Pedro Paulo Cava,
e no NET-Núcleo de Estudos Teatrais de Belo Horizonte. Estudou balé
clássico no Studio Anna Pavlova, dirigido pelas bailarinas e
coreógrafas Dulce Beltrão e Sílvia Calvo e dança espanhola no Centro de
Cultura Flamenca La Taberna com Fátima Carretero.
Ainda estudava
arquitetura quando, a convite do maestro Carlos Alberto Pinto Fonseca,
Tânia tornou-se integrante do conceituado
Coral Ars Nova da UFMG. Na época, o grupo figurava como um dos cinco melhores corais mistos do mundo, com refinado repertório que incluía peças do período
renascentista ao moderno, além de muitas pérolas do folclore
brasileiro. Com o coral, viajou por vários países da Europa e América
do Sul representando o Brasil em inúmeros concertos, festivais e outros
eventos culturais. Também com o Ars Nova, Tânia Braz participou da
gravação do disco "Madrigal".
Na mesma época, ela foi selecionada
para participar do musical e do disco "Cristal" de Oswaldo Montenegro,
realizados com a participação de jovens talentos mineiros.
Já formada em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal de
Minas Gerais, Tânia mudou os rumos de seu destino ao iniciar sua
atuação profissional na área da música, tocando e cantando como solista
em igrejas e eventos sociais. Foi bem sucedida e resolveu prestar novo
vestibular para o curso superior de composição na
Escola de Música da UFMG.
Na universidade, estudou harmonia, contraponto e orquestração com
mestres conceituados como o Professor Oilian Lanna e Maria Inês Lucas
Machado, entre outros. Graduou-se em composição em 1989.
Enquanto
conquistava estabilidade financeira e mais espaço profissional como
musicista, Tânia recebia convites para apresentações em programas de
rádio e televisão, tais como o “Arrumação” de Saulo Laranjeira e o
“Feira Moderna” de Breno Milagres.
Na mesma época, conseguiu o patrocínio de uma empresa privada carioca, a “RIOFORTE”, para gravar seu primeiro disco solo, o “
Mistura Pura”.
O repertório incluiu arranjos e músicas inéditas de sua própria
autoria e de seu irmão, Dito Ferreira. Gravou em inglês, espanhol,
francês e português. “Um disco de estréia surpreendente” nos dizeres da
crítica especializada.
Logo em seguida, recebeu o troféu
“Carlos Felipe”
como prêmio de melhor intérprete feminino e revelação, numa promoção
do Jornal Estado de Minas e do Jequitibar (na época, um dos bares de
música ao vivo mais tradicionais de Belo Horizonte). Trabalhou também
em projetos culturais junto à
Secretaria Municipal de Cultura,
Belotur e Fundação Clóvis Salgado, tais como o “Expresso Melodia” e o
“Projeto Itaú Liberdade” - obtendo assim experiências maravilhosas
junto ao público, em espetáculos de rua.
Esses acontecimentos, entre outros, estimulavam Tânia a acreditar na
possibilidade de uma carreira mais sólida como cantora e compositora.
Então, a partir de 1998, decidiu se aventurar em projetos musicais mais
alternativos e autorais.
Tânia Braz canta e encanta.
Em parceria com dois exímios violonistas, (Ronaldo Cadeu e Daniel Moraes) Tânia Braz criou o grupo
Agny,especializado
na interpretação de músicas de influência espanhola. O trabalho de
pesquisa incluiu o estudo da língua e da dança espanholas.
O grupo estreou com apresentação no tradicional Centro de Cultura
Flamenca La Taberna em Belo Horizonte e logo realizou uma temporada de
shows no Teatro da Maçonaria a convite da diretoria do próprio teatro.
Participou também do Programa “Bom Dia Minas” da Rede Globo Minas de
Televisão. Tendo sido escolhido em 1998 o primeiro grupo musical a ser
apoiado pelo projeto "Celeiro Cultural" da Grande Loja Maçônica de
Minas Gerais, o Agny teve a oportunidade de gravar um CD demonstrativo
que incluiu seis canções de origem espanhola, com o patrocínio da “Bach
Produções e Eventos”.
O grupo também se apresentou por inúmeras vezes em eventos culturais
tais como nas comemorações do cinquentenário da cidade mineira de
Vespasiano e no encerramento da grande exposição das obras da escultora
Camille Claudel, no Museu de Arte da Pampulha em Belo Horizonte.
Em 2005, Tânia Braz pensou em montar um show especialmente dedicado a
seu pai, um grande admirador da música latino-americana. Inspirada no
título da consagrada canção de Gilberto Gil, Tânia e seus amigos
deram-lhe o nome de “Soy loco por ti América”.
Para ajudar na montagem desse espetáculo que combinava música, poesia
e teatro, ela gravou de improviso, numa única tarde em seu home
studio, uma seleção de vinte e cinco músicas. Entre guaranãs, boleros e
tangos famosos (tais como Alma Llanera, Perfídia, Besame Mucho, Media
Luz, Caminito - repertório dos antigos Lps de seu pai), gravou também canções que embalaram sua adolescência nas vozes de Mercedes
Sosa, Joan Baez e Grupo Tarancon. Acompanhada de seu violão, Tânia
registrou também, naquele mesmo dia, vários back-vocals, em tomada
única e, em seguida, o guitarrista Ralfe Rodrigues acrescentou solos de
violão em algumas faixas.
Tal trabalho tinha por objetivo apenas servir de guia para os ensaios
do show. Entretanto, vale à pena conferir o resultado dessa
brincadeira que, sem maiores pretensões, acabou agradando aos ouvidos
mais nostálgicos e românticos. Vide no item “Músicas”, opção “Música espanhola e latino-americana”.
Nas apresentações ao vivo desse projeto, além de Ralfe Rodrigues ao
violão, participaram também: Amanda Brescia (no back vocal), Eros
Fresique (na Percussão) e o ator Danilo Filho.
Apesar das adversidades do mercado, que limitam a realização e a
divulgação da produção musical mineira, Tânia sempre preferiu trabalhar
com produtos culturais mais elaborados, que justifiquem sua formação
acadêmica ou sejam de alguma forma compatíveis com seu espírito.
Sendo assim, em 1997, ela uniu forças com um time de ótimos
instrumentistas (Sérgio Paolucci nos teclados, Carlos Linhares no
baixo, Luciano Soares na guitarra e Nelson Rosa na bateria) e, como a
vocalista e uma das compositoras do grupo, formou a
Banda Arion para se aventurar pelos caminhos do rock progressivo sinfônico.
O grupo lançou seu primeiro CD pelo selo paulista Progressive Rock
Worldwide que o distribuiu no Japão e na Europa, obtendo êxito e
inúmeros elogios por parte da crítica especializada. No Brasil, Tânia
foi eleita a melhor cantora de rock progressivo de 2001 pelo site www.rockprogressivo.com.br
(o mais tradicional e visitado site desse gênero no país). O CD
também foi premiado nas categorias de melhor lançamento, revelação,
melhor encarte, melhor baixista, melhor baterista, 2º. melhor
tecladista, 2º. melhor guitarrista. Em 2005, assinou um novo contrato
com validade de 3 anos com a distribuidora Rock Symphony, selo carioca
associado a Musea e dirigido por Leonardo Nahoum.
Nas poucas vezes em que se apresentou, o Arion sempre arrebatou o
público com a força de seu trabalho autoral inédito. Por duas vezes,
tocou no tradicional evento cultural “Camping-rock” em BH e participou
também de alguns festivais internacionais, como o Minasprog de
Cataguases, abrindo os shows de respeitadas bandas no meio progressivo,
tais como o “Quidan” da Polônia e o “Xang” do Chile.
Em 12 de novembro de 2002, no grande palco do Minascentro em Belo
Horizonte, o Arion realizou o show de abertura do concerto da
consagrada “Banda Focus” da Holanda. O evento foi um sucesso absoluto,
documentado pelo programa “Especial Rede Minas” da TV Minas – a
gravação ao vivo foi exibida e reprisada diversas vezes pela emissora. A
platéia, que em boa parte ainda não conhecia o Arion, ao final do show
aplaudiu a banda entusiasmadamente de pé. Logo em seguida, o FOCUS,
como não podia deixar de ser, embalou os fãs com seus sucessos
inesquecíveis e algumas canções inéditas, que fizeram o público viajar
de volta ao glamour e beleza do rock progressivo dos anos 70.
Enquanto o Arion enfrentava problemas operacionais, inclusive o da
distância geográfica que separa seus integrantes, Tânia Braz dava
prosseguimento a seus projetos solo.
Em 2003, ela foi convidada por Guilherme Castro, líder da Banda
Somba, para interpretar sua composição “Fenceless”, a elogiada 11ª
faixa do primeiro CD desse grupo de rock experimental de Belo Horizonte.
Logo em seguida, ela participou de dois shows no Grande Teatro do
Palácio das Artes em Belo Horizonte com a Orquestra Mineira de Rock,
integrada pelas bandas Cartoon, Cálix e o próprio Somba.
Na mesma época, Tânia Braz realizou um show de abertura para o grupo
Cálix, na Casa do Conde em BH acompanhada de sua própria banda recém
formada. Nesse novo trabalho solo New MPB, Tânia transitava numa
tangente ao rock progressivo, atraindo um público diferenciado, muito
eclético e antenado. Três dos integrantes dessa banda pertencem também ao grupo
Mantra (tradicional grupo de progressivo de BH). São eles: Hugo Bizzotto
(Teclados), Igor Ribeiro (Baixo) e Leo Dias (Bateria). Na guitarra, a
banda contou com Ralfe Rodrigues, músico autodidata da cidade de Sabará,
também violonista e compositor especializado em música barroca.
Vinícius Üde e Waldir Cunha revezavam com Igor no baixo e Bö Hubert com
Leo na bateria. Eros Fresique (percussão), Clauber Silva (bateria),
Fernando Rodrigues (guitarra) e Nilson Novais (teclados) também
participaram dessa banda na montagem do projeto.
BAIXE ESSE CANTO SAGRADO:
TANIA BRAZ - COLETANEA - canto sagrado da terra 2.rar