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sábado, 9 de março de 2019

MARCIA TAUIL - MELHOR AGORA

"É um doce que canta", define Roberto Menescal. Considerada uma das grandes intérpretes da música popular brasileira na atualidade, Márcia Soraia Tauil Braga Zamarian, 49, é moradora de Brasília. Há oito anos, ela presenteia a cidade com sua voz, considerada por outros artistas do gênero como uma das mais afinadas da MPB. Marcinha, como é chamada pelos amigos mais íntimos, tem um balanço tipicamente brasileiro, facilmente percebido em suas composições, que fazem querer cantar e dançar junto. E em 2018, ela completa 20 anos de carreira.
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Natural de Guaxupé, interior de Minas Gerais, Márcia disse à família que queria ser cantora quando tinha 3 anos. "E eles levaram a sério", brinca. Filha de um violonista de chorinho, sua primeira "escola" musical foi a banda de baile Opus Band, liderada pelo irmão mais velho, Ivan Tauil. "Depois de trabalhar em grupos e em barzinhos, eu resolvi que realmente queria ser cantora. Queria descobrir como eu, morando no interior de Minas Gerais, podia gravar um CD", destaca. Em 1998, Marcinha seguiu, então, sozinha, para São Paulo em busca do seu sonho, sem saber ao certo o que esperar da metrópole. 

Em 2 de dezembro daquele ano, no dia do seu aniversário, ela desembarcou na capital paulista. Naquela quarta-feira, foi encontrar um produtor musical no conceituado Villagio Café. Ele pediu que aguardasse em uma mesa próxima ao palco, pois estava ocupado, organizando um grande evento. Tratava-se de uma noite de homenagens ao compositor José Carlos Costa Netto, dono da gravadora Dabliú Discos. A programação incluía grandes nomes da música, como Roberto Menescal, Leila Pinheiro, Eduardo Gudin, Vânia Bastos e Vicente Barreto.

"Quando ele (Costa Netto) chegou, o local estava tão lotado que, obrigatoriamente, teve que sentar na minha mesa. Eu sabia quem ele era, mas fiquei quietinha, só esperando uma abertura para entregar minhas fitas (VHS, na época)", relembra Márcia Tauil. Durante o show, ela cantou as músicas do compositor de forma despretensiosa e chamou a atenção de Costa Netto. Ele perguntou se ela sabia de quem eram aquelas músicas, o papo evoluiu e ela conseguiu entregar as fitas. Um ano depois, a cantora o convidou para uma apresentação no mesmo local. Em 1999, lançou o primeiro CD, Águas da cidade, pela Dabliú Discos. Em 2003, a produtora lançou seu segundo álbum, Sementes no vento.

Foram os primeiros passos de um sucesso que rendeu até nome de troféu para a artista. Em 2013 e 2014, a Prefeitura de Mococa (SP) fez um festival para novos talentos em que os vencedores levavam um prêmio batizado de Márcia Tauil. Ela também recebeu prêmios de melhor intérprete em vários concursos em que participou Brasil afora. Atualmente, além dos shows, Márcia é professora de canto muito requisitada.

Sem voz

Como uma dessas histórias de filme, algo tinha que acontecer para dar emoção ao roteiro da vida de Márcia. Após lançar o segundo CD, já com a carreira estabelecida e fazendo shows por todo o país, a voz dela simplesmente sumiu. "Eu ia a tudo quanto era médico e ninguém sabia o que eu tinha", conta. Durante anos, a cantora só tinha força física para cantar uma música em cada festival que participava. Porém, nunca deixou de se apresentar. "Eu nunca parei a carreira. Quando estava melhorzinha, fazia shows. Mas, por alguns períodos, tive que cantar apenas uma música", relata. 

Foi nesse período que compôs Canção na estrada e Colheita, em parceria com Mana Tassari. As músicas foram premiadas na categoria Regional do Festival Viola de Todos os Cantos, promovido pela Rede Globo, em 2007 e 2009, respectivamente.
A artista se dedicou a estudar a fundo as técnicas vocais, achando que podia estar fazendo algo errado com a voz. O diagnóstico veio há cinco anos, depois de ser examinada por vários médicos, já morando em Brasília. Márcia tinha doença celíaca. Por causa da intolerância ao glúten, uma de suas membranas inflamava sempre que ela cantava. Ao excluir totalmente o trigo da alimentação, a voz voltou ao normal. Um final feliz depois de oito anos de muito esforço para vencer.

Parcerias

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Desde o dia em que chegou a São Paulo, Márcia Tauil teve a carreira ornada com o apoio de grandes nomes da música, como Roberto Menescal – um dos fundadores da bossa nova —, Costa Netto, Rosa Passos e Cristóvam Bastos. Com o mestre Menescal, Márcia fez shows por todo o país. "Meu padrinho, meu amigo, meu parceiro. Foi ele o primeiro grande nome da música a me dar parceria como compositora. Eu o amo de todo o coração", declara. Sobre ela, Menescal também fala com carinho: "É um doce que canta. O que diferencia a Márcia de outros artistas é a pessoa que ela é. Eu sigo meu coração ao escolher com quem trabalhar. A única coisa que exijo da vida é trabalhar com quem eu gosto. Ela é muito bacana e muito confiável, além de muito dedicada e focada", garante o artista.
Outro que a elogia é Costa Netto. À época, ele era dono da gravadora que lançou os dois primeiros discos de Márcia. Assim, a cantora o considera um "pai" musical. "Ele me fez nascer como profissional, lançando meus dois primeiros CDs", conta a artista. Netto não esconde a paixão que tem pelo trabalho de Marcinha. "Quando a ouvimos cantando, o timbre, a forma como ela interpreta, o bom gosto em escolher as canções, vimos que ela tem uma individualidade que a destaca." O compositor afirma que Márcia escolheu o caminho mais difícil: o da música de qualidade e de coração. "Eu a vejo no topo das grandes cantoras brasileiras", conclui.

A opinião é compartilhada por artistas do nível de Cristovão Bastos, respeitado no meio musical por ter ouvido absoluto – fenômeno raro que faz com que a pessoa saiba, por exemplo, a nota que chega até ele. E ele confidenciou a Costa Netto que Márcia Tauil é dona de uma das vozes mais afinadas da MPB na atualidade.

Márcia afirma que a maior influência feminina da música na carreira é de Rosa Passos. "Ela imprime uma qualidade musical e canta com tanta minúcia que, para mim, é a cantora que mais diz a mensagem que a música está passando. Ela valoriza o que letrista faz", afirma. Diz ainda que considera a compositora como uma espécie de fada madrinha. Rosa replica o elogio. "A Márcia é uma excelente cantora e tem um grande trunfo na mão, que é o talento diferenciado dela." 

Segundo Passos, quem faz MPB enfrenta muita concorrência com as atuais 'músicas descartáveis'. "A Europa e os Estados Unidos valorizam muito mais a música de qualidade que o nosso país. Mas a Márcia está no caminho certo. Vai ter que lutar muito, mas o sucesso é iminente."

A bossa nova

O gênero musical surgiu no Brasil, no fim da década de 1950 e durou até os anos 1980, quando surgiu o que se tornaria a MPB. "A bossa nova é minha irmã mais velha. Não é do meu tempo, mas eu cresci ouvindo de tudo em casa”, destaca Márcia. Ao se mudar para Brasília, Tauil descobriu o Clube da Bossa Nova. A organização, fundada em 2000 pelo engenheiro Dickran Berberian, tem o objetivo de preservar e difundir o gênero, que é considerado patrimônio cultural. Os associados se reúnem todos os sábados, às 11h30.

"É uma política do clube abrir espaço para novos artistas. Lembro até hoje a primeira música que cantei. De lá pra cá, viramos carne e unha", afirma a cantora. Atualmente, Marcia Tauil é uma das representantes da bossa em Brasília e destaca a importância do clube: "É um palco que me dá tantas satisfações e realizações e ao mesmo tempo, dá isso para tantas outras pessoas que tem o espaço aberto, assim como eu".
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